minha avó prende-se aos pretéritos.
minha mãe aos futuros.
e eu, ao futuro do pretérito.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
borboletas
borboletas invadem-me
ao centro, uma rede de possibilidades
à esquerda, o frescor das gotas
à direita, uma pilha de conhecimento em potencial
o que mais?
ao centro, uma rede de possibilidades
à esquerda, o frescor das gotas
à direita, uma pilha de conhecimento em potencial
o que mais?
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
dedos entrelaçados em solidão
dedos entrelaçados em solidão
ilustram a rede de espetáculos na qual estamos encarcerados
retorncendo para que lá encontremos algo vivo
que nos salve do desespero
resgate para um mundo incandescente
mais do que reluzir,
mais do que refletir.
cá estamos então duas folhas de papel em branco
uma frente à outra, rezando por qualquer centelha
que possa emergir num fogaréu
e nos mova, nos cative e nos consuma
para que pelo menos uma vez vivamos...
ilustram a rede de espetáculos na qual estamos encarcerados
retorncendo para que lá encontremos algo vivo
que nos salve do desespero
resgate para um mundo incandescente
mais do que reluzir,
mais do que refletir.
cá estamos então duas folhas de papel em branco
uma frente à outra, rezando por qualquer centelha
que possa emergir num fogaréu
e nos mova, nos cative e nos consuma
para que pelo menos uma vez vivamos...
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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
wanderlust
folheando páginas amareladas
engreno em uma trilha vespertina
por dentre folhas de gelo e cerejas de cristal
dimensão de tempo descontínuo
fragmentado
cujas luzes refratam em prisma
num arco-íris estrelado que rouba meu ar
para que ele respire por mais tempo
e brilhe tal como os lençóis das suas cores.
contemplo esse espetáculo
desejando transmitir para meus amores:
rabisco rascunhos desse mundo
na contracapa de um García Márquez
e o deixo em uma praça qualquer
à deriva
para que alguém o decifre...
e com um beijo de boa sorte
faz-se amuleto.
dedico-lhe ao amor,
e tatuo minha devoção com negra tinta
ao fazer germinar de mim as tais palavras:
àquele que achar paixões e vivê-las,
que descubra a autopoiese de transformar e ser transformado,
de derreter em si e no outro,
de libertar os sentimentos ao princípio da incerteza,
o mágico movimento do universo em uma pequena esfera
que vaga cravando seu nome
wanderlust.
engreno em uma trilha vespertina
por dentre folhas de gelo e cerejas de cristal
dimensão de tempo descontínuo
fragmentado
cujas luzes refratam em prisma
num arco-íris estrelado que rouba meu ar
para que ele respire por mais tempo
e brilhe tal como os lençóis das suas cores.
contemplo esse espetáculo
desejando transmitir para meus amores:
rabisco rascunhos desse mundo
na contracapa de um García Márquez
e o deixo em uma praça qualquer
à deriva
para que alguém o decifre...
e com um beijo de boa sorte
faz-se amuleto.
dedico-lhe ao amor,
e tatuo minha devoção com negra tinta
ao fazer germinar de mim as tais palavras:
àquele que achar paixões e vivê-las,
que descubra a autopoiese de transformar e ser transformado,
de derreter em si e no outro,
de libertar os sentimentos ao princípio da incerteza,
o mágico movimento do universo em uma pequena esfera
que vaga cravando seu nome
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extrato: Goethe, sobre Homero
"E quando, então, gemendo de dor, ele ergue o olhar para a doce estrela vespertina que se oculta no mar proceloso, o passado revive em sua alma heróica, passado em que o astro, com seus raios propícios, ainda iluminava os bravos em meio dos perigos, e a lua derramava a sua luz sobre o navio que regressava vitorioso e enguilhandado. Leio-lhe na fronte a mágoa profunda..."
Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe
Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe
domingo, 12 de dezembro de 2010
carta encardida
rabisco duas letras e suprimo
recolhendo-me a meu estado melancólico
para não contagiá-lo ou apodrecê-lo
e liberar a corrente tal como ela é
enquanto o assisto distante quebrar e crescer.
nado rumo a nada
estado aquoso e amorfo,
buraco negro do meu peito gira em torno do seu próprio eixo.
ato-lhe se transparecer qualquer desejo
qualquer imensidão que lhe chame ao destinatário
a fim de traduzi-lo seus mais íntimos pensamentos
como sempre o foi, como sempre.
agora deve deixá-lo, ao caos
e acolhê-lo com o seu silêncio
frente às barbaridades espartanas que sangram meu ouvido.
se perder ou esquecer o endereço
daquela carta encardida pelas lágrimas
tinta apagada pelas brocas
vasculhe no fundo falso
os mil bilhetes perfumados com nada escrito
escondidos pelo tempo, por amor
distante.
recolhendo-me a meu estado melancólico
para não contagiá-lo ou apodrecê-lo
e liberar a corrente tal como ela é
enquanto o assisto distante quebrar e crescer.
nado rumo a nada
estado aquoso e amorfo,
buraco negro do meu peito gira em torno do seu próprio eixo.
ato-lhe se transparecer qualquer desejo
qualquer imensidão que lhe chame ao destinatário
a fim de traduzi-lo seus mais íntimos pensamentos
como sempre o foi, como sempre.
agora deve deixá-lo, ao caos
e acolhê-lo com o seu silêncio
frente às barbaridades espartanas que sangram meu ouvido.
se perder ou esquecer o endereço
daquela carta encardida pelas lágrimas
tinta apagada pelas brocas
vasculhe no fundo falso
os mil bilhetes perfumados com nada escrito
escondidos pelo tempo, por amor
distante.
broca
minha existência é marcada por pingos salgados.
a lacuna se desenrola em um continuum
frente ao fantasma do seu corpo nu
cada centímetro todo o amor do mundo.
nada é o meu entorno,
é o lado direito solitário da cama
é o que corrói poro por poro
abocanhando um tiquinho a cada dia
broca da minha condição humana,
do meu desespero e do meu absurdo.
cílios molhados umidecem minha carência,
sonhos estuprados soltam farelo
sujam meus lençóis e não consigo mais dormir
aterrorizada ao lembrar da manhã
e dos abraços que não receberei
dos cabelos em que não me afagarei
dos planos que não cumprirei...
a lacuna se desenrola em um continuum
frente ao fantasma do seu corpo nu
cada centímetro todo o amor do mundo.
nada é o meu entorno,
é o lado direito solitário da cama
é o que corrói poro por poro
abocanhando um tiquinho a cada dia
broca da minha condição humana,
do meu desespero e do meu absurdo.
cílios molhados umidecem minha carência,
sonhos estuprados soltam farelo
sujam meus lençóis e não consigo mais dormir
aterrorizada ao lembrar da manhã
e dos abraços que não receberei
dos cabelos em que não me afagarei
dos planos que não cumprirei...
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
wanna whole lotta love
dançam em mim delírios suados
de curvas quentes que enroscam-se e dilaceram-se
meio a uma sinfonia led zeppelin
em que unhas e dentes destroçam a cada riff
e a visão embaralha dentro d'um caldeirão.
ata-me! me come sem piedade
arranca-me as madeixas que arranco as tuas
aos gritos cala-me e engole-me com teu beijo
enquanto cravo labirintos vermelhos em tuas costas
e perco-me na luxúria desse sonho
na violência voraz da tua pele.
de curvas quentes que enroscam-se e dilaceram-se
meio a uma sinfonia led zeppelin
em que unhas e dentes destroçam a cada riff
e a visão embaralha dentro d'um caldeirão.
ata-me! me come sem piedade
arranca-me as madeixas que arranco as tuas
aos gritos cala-me e engole-me com teu beijo
enquanto cravo labirintos vermelhos em tuas costas
e perco-me na luxúria desse sonho
na violência voraz da tua pele.
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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
buñuelísticamente
suas vozes me chamam,
como chama o pintainho por sua mãe
carente no ninho
por um afago, por um carinho
uma asa que o cubra.
é assim que amoleço ao ouvi-los
um pedaço de pão embebido em achocolatado
um doce-com-salgado
que ninguém quer e ninguém gosta
apenas por pseudo-gourmets apreciado
degustado como peça única na prateleira
apenas para ser olhada, sem eira nem beira.
como chama o pintainho por sua mãe
carente no ninho
por um afago, por um carinho
uma asa que o cubra.
é assim que amoleço ao ouvi-los
um pedaço de pão embebido em achocolatado
um doce-com-salgado
que ninguém quer e ninguém gosta
apenas por pseudo-gourmets apreciado
degustado como peça única na prateleira
apenas para ser olhada, sem eira nem beira.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
ode às minhas lagostas
amo dois sítios,
um distante e próximo
e outro próximo e distante.
desfaço-me para me ater a algum,
mas deparo-me com a indisposição de fundir-se em um
como se o meu amor fosse demasiado urrante
ou não amarrado o bastante.
nas rimas me acolho
à procura de um canto escuro
onde possa espiar no mágico olho
os olhos de cada sítio, vida por vida
e muro por muro.
mesmo que não me amem
queria poder desejá-las o meu melhor
e que um dia talvez tracemos esse ardor de amor
tão lindo, meu bem
tão puro...
um distante e próximo
e outro próximo e distante.
desfaço-me para me ater a algum,
mas deparo-me com a indisposição de fundir-se em um
como se o meu amor fosse demasiado urrante
ou não amarrado o bastante.
nas rimas me acolho
à procura de um canto escuro
onde possa espiar no mágico olho
os olhos de cada sítio, vida por vida
e muro por muro.
mesmo que não me amem
queria poder desejá-las o meu melhor
e que um dia talvez tracemos esse ardor de amor
tão lindo, meu bem
tão puro...
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o mesmo gosto sem gosto
mordo a maçã,
o pêssego, o abacaxi
e me afogo no nada
numa baía de marolas
quando necessito levar o caixote
encaixotar-me e desesperar-me
sem muito motivo
me motivo?
o pêssego, o abacaxi
e me afogo no nada
numa baía de marolas
quando necessito levar o caixote
encaixotar-me e desesperar-me
sem muito motivo
me motivo?
distante
pego emprestado os versos de outrém
para fugir do que tenho a dizer
tanto pelo medo
tanto pelo dedo
quanto pelo dado
pré-fabricado
que o outro atirará em ombros meus
contra os meus
só para cumprir seu papel de afago.
sem saber, entreguei-lhes o meu todo
de um modo ou de outro
poderíamos fazer nascer uma linda história
tecida entre versos e acordes
filosofias e ficções
tão seus e tão meus
unívocos em um abraço,
a fantasia desenhada em papel almaço.
sou um ser de mil amores
mas só queria perguntar
"dos versos meus, tão seus que esperem
que os aceite em paz
eu digo que eu sou
o antigo do que vai, adiante
sem mais, eu fico onde estou,
prefiro continuar distante..."
para fugir do que tenho a dizer
tanto pelo medo
tanto pelo dedo
quanto pelo dado
pré-fabricado
que o outro atirará em ombros meus
contra os meus
só para cumprir seu papel de afago.
sem saber, entreguei-lhes o meu todo
de um modo ou de outro
poderíamos fazer nascer uma linda história
tecida entre versos e acordes
filosofias e ficções
tão seus e tão meus
unívocos em um abraço,
a fantasia desenhada em papel almaço.
sou um ser de mil amores
mas só queria perguntar
"dos versos meus, tão seus que esperem
que os aceite em paz
eu digo que eu sou
o antigo do que vai, adiante
sem mais, eu fico onde estou,
prefiro continuar distante..."
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terça-feira, 30 de novembro de 2010
maçãs enrubecidas
vergonha:
é o que te recolhe e te encolhe
quebrada
catando os resquícios de uma emoção
que esforça-se para abraçar
e apertar, até algo puro escapulir
tão puro que me faça mais do que lacrimejar
eu quero é gritar, é urrar
por tudo o que me aflige
por mais simbólico e insignificante que seja!
a couraça é tatuada pelas mínimas agulhas
que unidas, cravam
em sangue, em chamas
a angústia.
tímido sentimento que lhe devora;
e lhe amassa
até que alguém o rasgue
o enovelado em inutilidade
o caráter mastigado
é o que te recolhe e te encolhe
quebrada
catando os resquícios de uma emoção
que esforça-se para abraçar
e apertar, até algo puro escapulir
tão puro que me faça mais do que lacrimejar
eu quero é gritar, é urrar
por tudo o que me aflige
por mais simbólico e insignificante que seja!
a couraça é tatuada pelas mínimas agulhas
que unidas, cravam
em sangue, em chamas
a angústia.
tímido sentimento que lhe devora;
e lhe amassa
até que alguém o rasgue
o enovelado em inutilidade
o caráter mastigado
terra salgada
abatida
batida enquanto à parte
os golpes da batedora me remexeram,
violentaram-me como alarme que estupra meus sonhos de madrugada
e lhes trazem às sombras
sem referência, sem entorno
um ponto no escuro.
fenômeno singular que foi estraçalhado,
restando nada mais que migalhas
do que um dia seria para ser.
enquanto finjo uma vida objetiva
assisto com os ouvidos seu laço
cujo nó me impede de entrar,
e com isso amarra também minhas doces formas oníricas
de modo que eu permaneça com a companhia, senão, de mim
de minhas tristezas e medos
que enfim devo encarar sem raízes...
batida enquanto à parte
os golpes da batedora me remexeram,
violentaram-me como alarme que estupra meus sonhos de madrugada
e lhes trazem às sombras
sem referência, sem entorno
um ponto no escuro.
fenômeno singular que foi estraçalhado,
restando nada mais que migalhas
do que um dia seria para ser.
enquanto finjo uma vida objetiva
assisto com os ouvidos seu laço
cujo nó me impede de entrar,
e com isso amarra também minhas doces formas oníricas
de modo que eu permaneça com a companhia, senão, de mim
de minhas tristezas e medos
que enfim devo encarar sem raízes...
sem flor, sem perfume, sem rosa, sem nada
frente à derrota recolho-me a meus sonhos
dia último do mês penúltimo,
novembro me trouxe bons mares.
agora a maré se resguarda,
a bruma dissolve as expectativas
que fizeram-se espuma.
de onde vem a calma
que agora viola-me com falos de seda
silenciando-me com um pano quimificado
que corrói, penetra
e rasga meu âmago
até o capotar no chão
sozinha e esquecida
pois não há braços para os quais cair.
renegada, polvilho a pólvora que povoa o cio
e retenho-a retalhada,
como quem aborta os próprios desejos
em nome da sanidade
com as mãos entre as coxas,
e a rosa de hiroshima entre as mãos...
dia último do mês penúltimo,
novembro me trouxe bons mares.
agora a maré se resguarda,
a bruma dissolve as expectativas
que fizeram-se espuma.
de onde vem a calma
que agora viola-me com falos de seda
silenciando-me com um pano quimificado
que corrói, penetra
e rasga meu âmago
até o capotar no chão
sozinha e esquecida
pois não há braços para os quais cair.
renegada, polvilho a pólvora que povoa o cio
e retenho-a retalhada,
como quem aborta os próprios desejos
em nome da sanidade
com as mãos entre as coxas,
e a rosa de hiroshima entre as mãos...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
e o rio de janeiro continua lindo???
É o mundo que anda hostil
a pomba carregada de fuzil
pra metralhar a puta que o pariu.
aplausos
para os grandes homens que estouram os miolos
dos que explodem outros?
paradoxo inexorável
auto-sustentável
e abominável...
sinto-me uma fina voz
agorando por ideais esquecidos
convertidos em valor real
real, demasiadamente real
que silencia os sonhos
esmaga os desejos
etiqueta as auras.
como voar por aí flutuando em altas freqüências
se nenhum ouvido é apto ao agudo?
(título dedicado à matéria do jornal O Globo logo após a tomada do complexo do alemão)
a pomba carregada de fuzil
pra metralhar a puta que o pariu.
aplausos
para os grandes homens que estouram os miolos
dos que explodem outros?
paradoxo inexorável
auto-sustentável
e abominável...
sinto-me uma fina voz
agorando por ideais esquecidos
convertidos em valor real
real, demasiadamente real
que silencia os sonhos
esmaga os desejos
etiqueta as auras.
como voar por aí flutuando em altas freqüências
se nenhum ouvido é apto ao agudo?
(título dedicado à matéria do jornal O Globo logo após a tomada do complexo do alemão)
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
américas
hello, hello
is there anybody in there?
navego sem navio, sem capitão
meio a ondas de angústia
que quebram a cada hipocrisia
um "tudo bem?" corriqueiro
sem nem mesmo uma análise do rosto receptor
chegando a meus olhos ensebados
meios-gritos abafados em lenços de papel.
tanto é obrigação o cumprimento como o é as minhas lágrimas...
is there anybody in there?
navego sem navio, sem capitão
meio a ondas de angústia
que quebram a cada hipocrisia
um "tudo bem?" corriqueiro
sem nem mesmo uma análise do rosto receptor
chegando a meus olhos ensebados
meios-gritos abafados em lenços de papel.
tanto é obrigação o cumprimento como o é as minhas lágrimas...
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
ressonância
quaisqueres pequenas pedradas parecem ressoar
como ondas beta e teta, graves
enclaves
cujos golpes fazem a represa balançar
e vazar em gotas,
reprimidas contra a gravidade
pela falta de sentido,
pela ríspida destreza
pela razão apolínia
não condizentes a meu sangue latino
minh'alma cativa
quebrei a lança,
lancei no espaço:
um grito, um desabafo
é, nessas alusões e ilusões
encontramos nossas faltas
desejos, sofrimentos
páthos:
é o que purifica
pré-requisito pra renascer
replantar
o grão nosso de cada dia
dia após dia.
como ondas beta e teta, graves
enclaves
cujos golpes fazem a represa balançar
e vazar em gotas,
reprimidas contra a gravidade
pela falta de sentido,
pela ríspida destreza
pela razão apolínia
não condizentes a meu sangue latino
minh'alma cativa
quebrei a lança,
lancei no espaço:
um grito, um desabafo
é, nessas alusões e ilusões
encontramos nossas faltas
desejos, sofrimentos
páthos:
é o que purifica
pré-requisito pra renascer
replantar
o grão nosso de cada dia
dia após dia.
domingo, 14 de novembro de 2010
abalo sísmico
a visão de seus olhos vermelhos latejantes
e minha culpa enlaçada a eles
me assombrarão pelas mil e uma noites
que ainda deitarei a seu lado,
relutando em lembrar-me
do abalo sísmico que lhe causei
pela mera expressão de um desvirtuamento...
quem o sabe, quem o julga?
já não me importo mais o que é ou não um desvio
desde que o pesadelo de ter de viver sem ti
não desbrave seu caminho tortuoso até o mundo real
para que torne tortuoso o meu
e as nuvens acima não despejem um novo oceano
que nos separe a fim de rasgar meu âmago
pelo pensamento de não mais fundir nossas filosofias
não conseguir substituir seu ronrono pelo do mais tenro felino
não ser capaz de reproduzir suas implicações e risadas patetas
ou de não ouvir as mínimas obssessões que arrancam-me sorrisos
com minusciosas descrições e entonações que compõem seu brilho próprio.
deixai nosso amor queimar-se em vela,
para que a sublimação se dê em fusão
e nossos seres, já mesclados, se pertençam até o próximo ciclo
onde surgiremos permutados de outras formas
sempre num giro gestáltico,
sempre os yins e os yangs
sempre, nós.
e minha culpa enlaçada a eles
me assombrarão pelas mil e uma noites
que ainda deitarei a seu lado,
relutando em lembrar-me
do abalo sísmico que lhe causei
pela mera expressão de um desvirtuamento...
quem o sabe, quem o julga?
já não me importo mais o que é ou não um desvio
desde que o pesadelo de ter de viver sem ti
não desbrave seu caminho tortuoso até o mundo real
para que torne tortuoso o meu
e as nuvens acima não despejem um novo oceano
que nos separe a fim de rasgar meu âmago
pelo pensamento de não mais fundir nossas filosofias
não conseguir substituir seu ronrono pelo do mais tenro felino
não ser capaz de reproduzir suas implicações e risadas patetas
ou de não ouvir as mínimas obssessões que arrancam-me sorrisos
com minusciosas descrições e entonações que compõem seu brilho próprio.
deixai nosso amor queimar-se em vela,
para que a sublimação se dê em fusão
e nossos seres, já mesclados, se pertençam até o próximo ciclo
onde surgiremos permutados de outras formas
sempre num giro gestáltico,
sempre os yins e os yangs
sempre, nós.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
alegoria ao intelectual francês
discurse para mim
sobre a fenomenologia das subjetividades pós-modernas
sobre os sentidos por ti embutidos a plexos pulsionais
sobre as impressões de mundo vindas de seu âmago
enquanto acende mais um cigarro
e tuas madeixas espreguiçam-se até cobrir seus olhos
desordenadas até o último fio
serei o ouvido mais leal que já viste
sempre com um sorriso envergonhado
desde que a vermelhidão passe despercebida
e lembre de fechar os lábios -
tanto para evitar vazamento por contemplação
como para não deixar transparecer
o quão mortífero é o desejo de levá-los aos seus.
sobre a fenomenologia das subjetividades pós-modernas
sobre os sentidos por ti embutidos a plexos pulsionais
sobre as impressões de mundo vindas de seu âmago
enquanto acende mais um cigarro
e tuas madeixas espreguiçam-se até cobrir seus olhos
desordenadas até o último fio
serei o ouvido mais leal que já viste
sempre com um sorriso envergonhado
desde que a vermelhidão passe despercebida
e lembre de fechar os lábios -
tanto para evitar vazamento por contemplação
como para não deixar transparecer
o quão mortífero é o desejo de levá-los aos seus.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
there's too much love
violinos balançam-me enquanto filosofo sobre rabiscos inconscientes
as nuvens esculpidas de presente por belle e sebastian
permitiram-me modelar essa casa de veraneio
onde o tempo é sempre nevoeiro e nevasca
e descontínuo, num ziguezague
formando oito infinito ao patinar pelo lago congelado.
desse mundo é árdua a tarefa de voltar
cair na história contínua e evolutiva
fria
e não o frio afetuoso dos flocos
mas um frio a corromper a forma do meu poema
cutucar-me com o tagarelar de meus deveres
e reprimir-me o mínimo de paixão que tento os impôr
de modo a moldá-la em uma escala de 1 a 10.
eu sou 11, 100, um milhão
ela é todos os números que pairam pelo conjunto
nenhum deles entenderá a sua voracidade
e seu fogo os queimará
para não encherem mais meu saco
discursando que o caos é errado.
as nuvens esculpidas de presente por belle e sebastian
permitiram-me modelar essa casa de veraneio
onde o tempo é sempre nevoeiro e nevasca
e descontínuo, num ziguezague
formando oito infinito ao patinar pelo lago congelado.
desse mundo é árdua a tarefa de voltar
cair na história contínua e evolutiva
fria
e não o frio afetuoso dos flocos
mas um frio a corromper a forma do meu poema
cutucar-me com o tagarelar de meus deveres
e reprimir-me o mínimo de paixão que tento os impôr
de modo a moldá-la em uma escala de 1 a 10.
eu sou 11, 100, um milhão
ela é todos os números que pairam pelo conjunto
nenhum deles entenderá a sua voracidade
e seu fogo os queimará
para não encherem mais meu saco
discursando que o caos é errado.
ao leão
santa loucura que introjetou-se em mim;
borboletas no estômago e formigueiro no peito
agonizam-me enquanto o vejo caminhar.
se há alguma energia provedora, eu lhe suplico
piedade de uma alma afortunada
que encontraste o clímax de seu roteiro:
uma centelha que fez amor com um lampião
e cujo fruto está em mim,
aquecendo meu drama em meio ao novembro nublado.
chuva de novembro me trouxe a fantasia
de esperar-lhe como quem parece ocupado
e aceitar um convite de vagar sem rumo
por baixo de uma grande folha,
onde há só nós ao lado da colônia.
a alma afortunada então treme como carneiro
vulnerável frente ao leão
mas paralizado por seu fascínio
e se a juba se aproximasse da presa
cabe a ela aceitar seu destino
como Delfos já aconselhara,
e como seu coração já implorara...
borboletas no estômago e formigueiro no peito
agonizam-me enquanto o vejo caminhar.
se há alguma energia provedora, eu lhe suplico
piedade de uma alma afortunada
que encontraste o clímax de seu roteiro:
uma centelha que fez amor com um lampião
e cujo fruto está em mim,
aquecendo meu drama em meio ao novembro nublado.
chuva de novembro me trouxe a fantasia
de esperar-lhe como quem parece ocupado
e aceitar um convite de vagar sem rumo
por baixo de uma grande folha,
onde há só nós ao lado da colônia.
a alma afortunada então treme como carneiro
vulnerável frente ao leão
mas paralizado por seu fascínio
e se a juba se aproximasse da presa
cabe a ela aceitar seu destino
como Delfos já aconselhara,
e como seu coração já implorara...
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
flows on you
aconteceu.
não pude evitar,
apaixonei-me pelo calor do mistério...
e agora recuo-me aos meus sonhos,
amando ainda eternamente meu bem amado
e também a pluralidade que me é tão cara
resignando-me a fantasias
pelas quais meu mais precioso cristal poderia quebrar-se
cair no abismo
e só subir à superfície com zéfiro,
apenas pela metade, opaco e arranhado
como fazer-te entender sem levar comigo seu brilho?
não pude evitar,
apaixonei-me pelo calor do mistério...
e agora recuo-me aos meus sonhos,
amando ainda eternamente meu bem amado
e também a pluralidade que me é tão cara
resignando-me a fantasias
pelas quais meu mais precioso cristal poderia quebrar-se
cair no abismo
e só subir à superfície com zéfiro,
apenas pela metade, opaco e arranhado
como fazer-te entender sem levar comigo seu brilho?
com amor, zaratustra
veio até mim!
o meu destinatário secreto recebeu minha correspondência
sem saber que se destinava a ele
de um remetente desconhecido
agora com mais desrazão que nunca
ao deleitar-se no gozo de declarar-se
coberta por um lençol, em sussurros
mas mesmo assim vendo estrelas.
amar um só não faz mais sentido
há uma enchente sentimental vazando de mim
suplicando para sair e irrigar outros campos
germinar novas flores e novas vidas
começar um ecossistema vizinho, com tanta riqueza
estas expectativas me matam,
e matam aos poucos as pulsões que me dão a juventude
e desperdiçam vidas, massacram possibilidades
de novos atravessamentos paralelos.
novos amores são novas relações,
que são novos cultivos e partilhas
que urgem a disseminar-se pelos prados
e enfrentar novos monstros que me farão sofrer
e, portanto, viver.
o meu destinatário secreto recebeu minha correspondência
sem saber que se destinava a ele
de um remetente desconhecido
agora com mais desrazão que nunca
ao deleitar-se no gozo de declarar-se
coberta por um lençol, em sussurros
mas mesmo assim vendo estrelas.
amar um só não faz mais sentido
há uma enchente sentimental vazando de mim
suplicando para sair e irrigar outros campos
germinar novas flores e novas vidas
começar um ecossistema vizinho, com tanta riqueza
estas expectativas me matam,
e matam aos poucos as pulsões que me dão a juventude
e desperdiçam vidas, massacram possibilidades
de novos atravessamentos paralelos.
novos amores são novas relações,
que são novos cultivos e partilhas
que urgem a disseminar-se pelos prados
e enfrentar novos monstros que me farão sofrer
e, portanto, viver.
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
rosa vermelha
estes dias peguei uma rosa da rua
ela estava se abrindo, se descobrindo
emanava esplendorosa veludez vermelha
apesar de seu aroma já ter escapado, pouco a pouco, para o nariz de muitos
fugiu como a zebra da leoa
mas a covardia da rosa não me impediu de contemplar.
reergui-a da calçada onde muitos devem tê-la pisoteado
e devolvi-lhe o carinho que merecia
até liberá-la para seu lugar
no meio da nação colorida,
no coração do jardim secreto.
ela estava se abrindo, se descobrindo
emanava esplendorosa veludez vermelha
apesar de seu aroma já ter escapado, pouco a pouco, para o nariz de muitos
fugiu como a zebra da leoa
mas a covardia da rosa não me impediu de contemplar.
reergui-a da calçada onde muitos devem tê-la pisoteado
e devolvi-lhe o carinho que merecia
até liberá-la para seu lugar
no meio da nação colorida,
no coração do jardim secreto.
impressão sol poente
meu querido, vim suplicar
para que retires essa máscara que me atira de joelhos a ti
para que enfim, talvez, eu pare de sonhar com teus fios sujos e desvairados
com teu sorriso sutil e infantil
e com cada última gota de expectativas
com as quais preenchi sua incógnita gestalt.
perdoa-me pelos versos compridos e desajeitados,
mas é a primeira vez que escrevo-te sem um muro entre nós
meus dedos tremem, embriagados pela idéia de seus olhos percorrerem meu poema
não é amor que sinto por ti
mas uma paixão por um mistério docemente familiar...
apesar de haver outros enraizados em minha bomba aórtica
poderias ali acampar por algumas eternidades
armar barraca longe das raízes, mas abaixo de uma árvore
e compartilhar com eles a fauna que me mostrares
coração das trevas e da luz
a feição de suave monstro, de criatura escondida do hostil:
impressão.
para que retires essa máscara que me atira de joelhos a ti
para que enfim, talvez, eu pare de sonhar com teus fios sujos e desvairados
com teu sorriso sutil e infantil
e com cada última gota de expectativas
com as quais preenchi sua incógnita gestalt.
perdoa-me pelos versos compridos e desajeitados,
mas é a primeira vez que escrevo-te sem um muro entre nós
meus dedos tremem, embriagados pela idéia de seus olhos percorrerem meu poema
não é amor que sinto por ti
mas uma paixão por um mistério docemente familiar...
apesar de haver outros enraizados em minha bomba aórtica
poderias ali acampar por algumas eternidades
armar barraca longe das raízes, mas abaixo de uma árvore
e compartilhar com eles a fauna que me mostrares
coração das trevas e da luz
a feição de suave monstro, de criatura escondida do hostil:
impressão.
domingo, 24 de outubro de 2010
exhilaration
aqui, no meu canto
dançando com minhas palavras não-pronunciadas
fetos de expressão
permaneço no centro do tornado
a contemplar o movimento,
o caos pacífico e alostásico
ao embaralho de interocepções amorfas
que abalroam-se, abraçam-se, beijam-se e chacinam-se
ao som de grizzly bear
num girar de guarda-chuva
em meio a uma tempestade de pomarola.
meus bebês parecem ensangüentados, mas deliciam-se
fazem guerra e abrem a boca para cima
infância perdida encontra-se aí,
no êxtase dionisíaco que ainda não esqueci.
quanto a mim, ao fazer parte deste banquete
penso comigo mesma se embriago-me o suficiente
e sorrio, frente às fartas cachoeiras de memórias emotivas
aos riachos de lágrimas e risadas,
de dor, agonia, euforia, angústia, luto, júbilo e amor
as águas que irrigam meu ser.
lanço-me, banho-me e abro a boca para cima
para que, na psicose, vivamos felizes para sempre.
dançando com minhas palavras não-pronunciadas
fetos de expressão
permaneço no centro do tornado
a contemplar o movimento,
o caos pacífico e alostásico
ao embaralho de interocepções amorfas
que abalroam-se, abraçam-se, beijam-se e chacinam-se
ao som de grizzly bear
num girar de guarda-chuva
em meio a uma tempestade de pomarola.
meus bebês parecem ensangüentados, mas deliciam-se
fazem guerra e abrem a boca para cima
infância perdida encontra-se aí,
no êxtase dionisíaco que ainda não esqueci.
quanto a mim, ao fazer parte deste banquete
penso comigo mesma se embriago-me o suficiente
e sorrio, frente às fartas cachoeiras de memórias emotivas
aos riachos de lágrimas e risadas,
de dor, agonia, euforia, angústia, luto, júbilo e amor
as águas que irrigam meu ser.
lanço-me, banho-me e abro a boca para cima
para que, na psicose, vivamos felizes para sempre.
fotossíntese
um dia tirado em bolha
no ninho, no nicho
com guarda-chuvinhas
e pirulitos de coração
as you're lying there
drifting off to sleep...
poderia estar nevando lá fora
a contentação seria a mesma.
universo paralelo onírico por um dia
onde nada mais importa
onde nada pode nos incomodar
além de nós mesmos.
pulsos surrealistas gotejam de mim
enquanto me balançam e apertam o finalzinho
para extrair qualquer coisa louca
de lá, flores desabrochadas com espinhos
mas com folhas abertas para a luz do sol
abraçam a luz;
num chão macio, e fiapos de ouro a acariciar
a folhagem tenra os enrola
e se alimenta.
no ninho, no nicho
com guarda-chuvinhas
e pirulitos de coração
as you're lying there
drifting off to sleep...
poderia estar nevando lá fora
a contentação seria a mesma.
universo paralelo onírico por um dia
onde nada mais importa
onde nada pode nos incomodar
além de nós mesmos.
pulsos surrealistas gotejam de mim
enquanto me balançam e apertam o finalzinho
para extrair qualquer coisa louca
de lá, flores desabrochadas com espinhos
mas com folhas abertas para a luz do sol
abraçam a luz;
num chão macio, e fiapos de ouro a acariciar
a folhagem tenra os enrola
e se alimenta.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
regina spektor me entenderia
regina, regina
você penetra por minha garganta com suas garras
arranca minha luz e leva-a consigo
ilumina a melodia exalada no ar perfumado
enquanto recita as partituras
desfiando-me em lágrimas
tanto faz se é tristeza ou alegria,
você me ressussita a cada repeat:
one more time with feeling.
você penetra por minha garganta com suas garras
arranca minha luz e leva-a consigo
ilumina a melodia exalada no ar perfumado
enquanto recita as partituras
desfiando-me em lágrimas
tanto faz se é tristeza ou alegria,
você me ressussita a cada repeat:
one more time with feeling.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
couraça
(sem inspiração mas com vontade expressiva)
não me satisfaço com mil poemas,
aqui ainda há algo intrincado
a ser sublimado
couraça a ser dissolvida
cachoeiras a desabarem da frágil (e dócil) múmia
lírios a desabrocharem do caos
tal como a minha falta de rimas
meio a chistes e bloqueios!
não me satisfaço com mil poemas,
aqui ainda há algo intrincado
a ser sublimado
couraça a ser dissolvida
cachoeiras a desabarem da frágil (e dócil) múmia
lírios a desabrocharem do caos
tal como a minha falta de rimas
meio a chistes e bloqueios!
boiolice de colégio
boiolice de colégio:
é isso mesmo que deixo desenrolar?
é doce viver a fantasia,
o que antes foi uma piada
e agora é uma nebulosa afetiva
o estremecer, o tambor cadíaco
a res-piração
o apoiar do rosto ao punho
enquanto ele caminha.
bobagem de criança? talvez,
até mesmo pelo cunho da escrita pueril
(ou quem sabe só por falta de inspiração)
mas é uma onda de calor que não quero abrir mão
é uma pitada de vida a mais nas minhas semanas
preenchendo as saudades e as oscilações...
é isso mesmo que deixo desenrolar?
é doce viver a fantasia,
o que antes foi uma piada
e agora é uma nebulosa afetiva
o estremecer, o tambor cadíaco
a res-piração
o apoiar do rosto ao punho
enquanto ele caminha.
bobagem de criança? talvez,
até mesmo pelo cunho da escrita pueril
(ou quem sabe só por falta de inspiração)
mas é uma onda de calor que não quero abrir mão
é uma pitada de vida a mais nas minhas semanas
preenchendo as saudades e as oscilações...
a dama da água - só para loucos
dançando pelas teclas branco-e-preto
e rodopiando por entre sinceros tons agudos
nado e bóio em expectativas:
mergulho
no ambiente favorito de menor gravidade, criam-se vigorosos cachos
que tomam coragem e retomam o ar,
num súbito movimento ascendente em arco
como lua crescente triste
a câmera lenta vê-se os tentáculos
em coreografia com as gotículas de sonho úmido
delicadeza e pujância de mãos dadas
a fim de expressar a cor do fantasiar
discreto e sutil,
o espetáculo que poucos vêem
que poucos conseguem sentir.
e rodopiando por entre sinceros tons agudos
nado e bóio em expectativas:
mergulho
no ambiente favorito de menor gravidade, criam-se vigorosos cachos
que tomam coragem e retomam o ar,
num súbito movimento ascendente em arco
como lua crescente triste
a câmera lenta vê-se os tentáculos
em coreografia com as gotículas de sonho úmido
delicadeza e pujância de mãos dadas
a fim de expressar a cor do fantasiar
discreto e sutil,
o espetáculo que poucos vêem
que poucos conseguem sentir.
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segunda-feira, 27 de setembro de 2010
catarse para um novo amor
uma aurora de um novo amor já nasceu
no berço de uma pulsão desacorrentada.
animus raiou de meu âmago e fluiu em espiral
ascendeu até o céu da boca e deslizou
suavemente enlaçado a meu hálito
pairou e envolveu as mordidas, os arranhões e gemidos
e tudo consumiu-se em chamas
catarse astral.
as almas queimam para transformarem-se
combustam em poeira de estrela
sôfrega energia as lança no infinito universo
como se ainda abraçadas em ávido desejo
e enfim sucumbem ao sideral em esplendoroso fogo de artifício.
neva flocos de poeira cósmica:
em galáxias, asteróides e cometas
e ao sistema solar
uma jornada para o recomeço
para tecer novas constelações
traçar novos labirintos
saborear novas gotas de chuva
fazer novo amor.
no berço de uma pulsão desacorrentada.
animus raiou de meu âmago e fluiu em espiral
ascendeu até o céu da boca e deslizou
suavemente enlaçado a meu hálito
pairou e envolveu as mordidas, os arranhões e gemidos
e tudo consumiu-se em chamas
catarse astral.
as almas queimam para transformarem-se
combustam em poeira de estrela
sôfrega energia as lança no infinito universo
como se ainda abraçadas em ávido desejo
e enfim sucumbem ao sideral em esplendoroso fogo de artifício.
neva flocos de poeira cósmica:
em galáxias, asteróides e cometas
e ao sistema solar
uma jornada para o recomeço
para tecer novas constelações
traçar novos labirintos
saborear novas gotas de chuva
fazer novo amor.
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010
platônico imaginado
aqui no silêncio do meu cubículo
nesse canto escuro onde ninguém me avistará
à minha melodia querida da ilha do norte
abandono-me ao secreto gozo das suas letras
o deleite de descobrir-lhe sem ser descoberta
no negro fundo de seu líquido livro, como o meu
assim como o contraste com o branco e verde-claro
e todas as outras coicidências reunidas
na minha identidade compartilhada imaginária.
foi bom brincar por um tempo
mas a fagulha já me aquece mais do que eu gostaria...
e agora espio pela fechadura do seu mundo
ao invés de cumprir meus deveres sociais!
ah, se eu pudesse ter esta fôrma em biscoito fresco
tecer novas investigações e alinhamentos
ou pelo menos quebrar a solidez do biscoito favorito
em batimentos emocionais tão barulhentos!
nesse canto escuro onde ninguém me avistará
à minha melodia querida da ilha do norte
abandono-me ao secreto gozo das suas letras
o deleite de descobrir-lhe sem ser descoberta
no negro fundo de seu líquido livro, como o meu
assim como o contraste com o branco e verde-claro
e todas as outras coicidências reunidas
na minha identidade compartilhada imaginária.
foi bom brincar por um tempo
mas a fagulha já me aquece mais do que eu gostaria...
e agora espio pela fechadura do seu mundo
ao invés de cumprir meus deveres sociais!
ah, se eu pudesse ter esta fôrma em biscoito fresco
tecer novas investigações e alinhamentos
ou pelo menos quebrar a solidez do biscoito favorito
em batimentos emocionais tão barulhentos!
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faísca de um novo que já é
o que será que há
no caótico desgrinhado daquelas madeixas
no quadro embaraçado e curvado para si
no aspecto encardido da cabeça aos pés
no ar intelectual dos cafés parisienses
no jeito delicado de escrever
que arranca de mim um ronronar peculiar
e um ímpeto desejo de aganchar-me em seus cabelos,
esfregar-me em suas bochechas de meias-barbas,
e desfalcar-lhe um beijo para derretê-lo e fundi-lo em mim.
por que será
que a cada vez que ouço um certo sotaque britânico
e certas notas untadas em melodia celestial
me vem a sublime fantasia em uma bicicleta
e meus olhos não sabem mais parar de segui-lo...
sim,
é projeção do que já é
e do que será.
mas o é diferente, excitante
e enigmático
do perfeito arquétipo cravado em minha paixão...
basta rememorar-me desta racional idéia
que nada passará de uma centelha!
no caótico desgrinhado daquelas madeixas
no quadro embaraçado e curvado para si
no aspecto encardido da cabeça aos pés
no ar intelectual dos cafés parisienses
no jeito delicado de escrever
que arranca de mim um ronronar peculiar
e um ímpeto desejo de aganchar-me em seus cabelos,
esfregar-me em suas bochechas de meias-barbas,
e desfalcar-lhe um beijo para derretê-lo e fundi-lo em mim.
por que será
que a cada vez que ouço um certo sotaque britânico
e certas notas untadas em melodia celestial
me vem a sublime fantasia em uma bicicleta
e meus olhos não sabem mais parar de segui-lo...
sim,
é projeção do que já é
e do que será.
mas o é diferente, excitante
e enigmático
do perfeito arquétipo cravado em minha paixão...
basta rememorar-me desta racional idéia
que nada passará de uma centelha!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
notas sobre (o termo) Aurora
In Bulfinch's Mythology from 1855 by Thomas Bulfinch there is the claim that in Norse mythology:
The Valkyrior are warlike virgins, mounted upon horses and armed with helmets and spears. /.../ When they ride forth on their errand, their armour sheds a strange flickering light, which flashes up over the northern skies, making what men call the "aurora borealis", or "Northern Lights".
The first Old Norse account of norðrljós is found in the Norwegian chronicle Konungs Skuggsjá from AD 1230. The chronicler has heard about this phenomenon from compatriots returning from Greenland, and he gives three possible explanations: that the ocean was surrounded by vast fires, that the sun flares could reach around the world to its night side, or that glaciers could store energy so that they eventually became fluorescent.[31]
In ancient Roman mythology, Aurora is the goddess of the dawn, renewing herself every morning to fly across the sky, announcing the arrival of the sun. The persona of Aurora the goddess has been incorporated in the writings of Shakespeare, Lord Tennyson and Thoreau.
The Valkyrior are warlike virgins, mounted upon horses and armed with helmets and spears. /.../ When they ride forth on their errand, their armour sheds a strange flickering light, which flashes up over the northern skies, making what men call the "aurora borealis", or "Northern Lights".
The first Old Norse account of norðrljós is found in the Norwegian chronicle Konungs Skuggsjá from AD 1230. The chronicler has heard about this phenomenon from compatriots returning from Greenland, and he gives three possible explanations: that the ocean was surrounded by vast fires, that the sun flares could reach around the world to its night side, or that glaciers could store energy so that they eventually became fluorescent.[31]
In ancient Roman mythology, Aurora is the goddess of the dawn, renewing herself every morning to fly across the sky, announcing the arrival of the sun. The persona of Aurora the goddess has been incorporated in the writings of Shakespeare, Lord Tennyson and Thoreau.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Livraria
em: Aurora Borealis ou Luzes do Norte
(a editar)
A umas três estações de metrô jazia o esconderijo paradisíaco da minha alma. Era uma livraria, daquelas que, ao dar o primeiro passo para dentro, respira-se cultura e sutileza. Residia numa espécie de galeria privada, secreta, que abrigava a livraria, um pequeno café e um grande cinema ao lado. Tantas vezes fugia do recinto dos artistas com o único veemente desejo de assentar-me em própria introspecção por horas, e refugiava-me ali. Ao abrir a porta da galeria penetrava paulatinamente em minha alma; ao aproximar-me dos três ambientes, preenchia-me de exaltação e anseio, pois ia de encontro à doce solidão.
Chegando à livraria, o aroma de livros novos sempre me contagiava e sentia que poderia viver naquele recanto por semanas. Lá, o tempo congelava e jamais me ocorria de checar um relógio; tampouco sentada em uma das mesas degustando o mais sublime cappuccino do mundo, cujos primeiros goles levavam minhas papilas gustativas a um delírio tal que era imprescindível a sua lenta apreciação; assim como suaves mas vigorantes inspirações enquanto o provava - elas fizeram-se exigência irrevogável de meu olfato. Fiel obediente de cada implacável demanda de meus sentidos, sentada eu permanecia diante de meu cappuccino por tempo incalculável, encostando levemente o nariz à xícara a cada vez que a levantava, a fim de captar aquela forte fragrância para minhas doces memórias, para logo em seguida saborear o néctar que seria cunhado nas profundas nostalgias que minha mente prega até hoje.
Naqueles momentos, tinha uma pátria; eu pertencia aos livros e suas possibilidades, meus compatriotas eram as pessoas imersas em si, em qualquer seção: filosofia, psicologia, antropologia, ficção, biografias, arte ou até mesmo história, qualquer leitor tão comovido pelas letras impressas em mãos a ponto de sentar-se na mesinha ao centro e deixar-se mergulhar. Minha alma me sussurrava: aqui é o seu lar – dentro de ti. Encontrava-me em mim em qualquer parte da galeria.
(a editar)
A umas três estações de metrô jazia o esconderijo paradisíaco da minha alma. Era uma livraria, daquelas que, ao dar o primeiro passo para dentro, respira-se cultura e sutileza. Residia numa espécie de galeria privada, secreta, que abrigava a livraria, um pequeno café e um grande cinema ao lado. Tantas vezes fugia do recinto dos artistas com o único veemente desejo de assentar-me em própria introspecção por horas, e refugiava-me ali. Ao abrir a porta da galeria penetrava paulatinamente em minha alma; ao aproximar-me dos três ambientes, preenchia-me de exaltação e anseio, pois ia de encontro à doce solidão.
Chegando à livraria, o aroma de livros novos sempre me contagiava e sentia que poderia viver naquele recanto por semanas. Lá, o tempo congelava e jamais me ocorria de checar um relógio; tampouco sentada em uma das mesas degustando o mais sublime cappuccino do mundo, cujos primeiros goles levavam minhas papilas gustativas a um delírio tal que era imprescindível a sua lenta apreciação; assim como suaves mas vigorantes inspirações enquanto o provava - elas fizeram-se exigência irrevogável de meu olfato. Fiel obediente de cada implacável demanda de meus sentidos, sentada eu permanecia diante de meu cappuccino por tempo incalculável, encostando levemente o nariz à xícara a cada vez que a levantava, a fim de captar aquela forte fragrância para minhas doces memórias, para logo em seguida saborear o néctar que seria cunhado nas profundas nostalgias que minha mente prega até hoje.
Naqueles momentos, tinha uma pátria; eu pertencia aos livros e suas possibilidades, meus compatriotas eram as pessoas imersas em si, em qualquer seção: filosofia, psicologia, antropologia, ficção, biografias, arte ou até mesmo história, qualquer leitor tão comovido pelas letras impressas em mãos a ponto de sentar-se na mesinha ao centro e deixar-se mergulhar. Minha alma me sussurrava: aqui é o seu lar – dentro de ti. Encontrava-me em mim em qualquer parte da galeria.
fazer novo amor (em queda livre)
Da atmosfera nebulosa da asfixia vou caindo, lenta e suavemente, de costas, em direção a um ar que evoca lembranças da essência de prado; fecho os olhos e assento-me ao vento floral que acaricia-me com minhas próprias madeixas. Respiro e vivo o momento de paz, e ao abraçá-lo sublima para mim o travesseiro espacial, mais macio e solene que nunca nesta nova vida: pelos ares transicionais aperto-lhe entre meus braços, germinando a chuva rala, pluma a pluma. O gotejar das felpes envolve meu novo ar numa convecção galaxial, assim como meus fios de cabelo formam magníficos caracóis na dança à queda livre.
Vôo como voam sacos plásticos ao vento, agarrada ao travesseiro como a um amante em tempo frio, pouso em qualquer coisa tão macia quanto o toque da sua fronha. Afundo e afundo no que parece a nuvem na qual uma vez já sonhei, já adormeci, já gemi, ao lado daquele tão querido amante, uma vaga lembrança preenche o espaço vazio da minha (agora visivelmente) cama.
Antigas fervilhas agora unem-se sob nova forma, como tanto pregava Zaratustra?
Pouco provável. Pelo menos tentam, mesmo que à sombra do passado.
O novo arranjo de feixes agrada-me, e sou capaz de apaixonar-me ainda mais uma vez, e enovelar uma nova história.
Vôo como voam sacos plásticos ao vento, agarrada ao travesseiro como a um amante em tempo frio, pouso em qualquer coisa tão macia quanto o toque da sua fronha. Afundo e afundo no que parece a nuvem na qual uma vez já sonhei, já adormeci, já gemi, ao lado daquele tão querido amante, uma vaga lembrança preenche o espaço vazio da minha (agora visivelmente) cama.
Antigas fervilhas agora unem-se sob nova forma, como tanto pregava Zaratustra?
Pouco provável. Pelo menos tentam, mesmo que à sombra do passado.
O novo arranjo de feixes agrada-me, e sou capaz de apaixonar-me ainda mais uma vez, e enovelar uma nova história.
domingo, 15 de agosto de 2010
por razões desconhecidas
Recolhida em silêncio, em luta para amordaçar o redemoinho que ninguém conseguiria captar por completo: eis uma manifestação do demônio; A angústia dos incompreendidos equivale a um pedaço do inferno, assim como o doloroso desencaixe e seu procedente desamparo. É um tipo diferente de inquitação, algo que se faz passar por centelha mas é geada, cascas decantadas sobre vazio, atando-o a camisas de força, tentando sem sucesso abafar os impactos do asfixiante vácuo contra as lascas de gelo afim de proliferar-se como célula cancerígena.
É possível ouvir o funesto e mudo clamor pelo verdadeiro sentimento, como uma enérgica voz escutada de muito longe, mas não obstante com evidente acuidade, desesperada.
O brado parece germinar de abrupta mutação, aleatória e caótica, como uma ordem assentada por outrém, sem qualquer outra possibilidade, determinando por fim a hora de tudo desmoronar. Mas e se não estiver preparada? E se ainda for camelo e não leão? E se o mundo me parece seguro demais para abandonar-me ao devir? Tal hipocrisia me enoja, me enche de desgosto em relação a mim mesma. Talvez, no fundo, seja mais covarde do que desejaria ser.
É possível ouvir o funesto e mudo clamor pelo verdadeiro sentimento, como uma enérgica voz escutada de muito longe, mas não obstante com evidente acuidade, desesperada.
O brado parece germinar de abrupta mutação, aleatória e caótica, como uma ordem assentada por outrém, sem qualquer outra possibilidade, determinando por fim a hora de tudo desmoronar. Mas e se não estiver preparada? E se ainda for camelo e não leão? E se o mundo me parece seguro demais para abandonar-me ao devir? Tal hipocrisia me enoja, me enche de desgosto em relação a mim mesma. Talvez, no fundo, seja mais covarde do que desejaria ser.
contra a maré do existir?
Líquido, inconsistente é o meu estado. A busca por algo extraordinário provou-se iniciar, colocando-se em voga apenas o exercício de uma coragem infantil, se sou capaz de desprender-me em direção a um novo mundo e à negação da repetição. O regresso fez-se dissolver qualquer sentido como a bile destrói os resíduos do cerne. A violência deu lugar ao gasto e macio familiar, atirando-me em confortável jaula, mas jaula não obstante. Sinto o ar escapar-me pelos feixes coloridos enquanto deixo-me sucumbir ao deleite daqueles braços, remexendo em meus antigos sonhos, como se congelados no tempo se preservassem estagnados, reclamando pela plenitude fantasiada por tantos, que antes culminava naquele mesmo toque, naquele mesmo calor, fervendo meu sangue e o presenteava com um sentido. A dor da perda pesa sobre mim, o apego a ressentimentos fantasmas alfineta-me a ponto de lacrimejar. Abraço minhas mágoas em luto ao padecer do sentimento, e pergunto-me se não passa de uma fase ou se o desespero parece-me deveras insuportável; ou mesmo se não seria viver o meramente suportável a mais angustiante forma de negação. A todo modo, algo eu ainda sentia, pois o sal ainda escorre pelas minhas bochechas, embora forçosamente. Ainda estava a salvo do existir, apesar de meu viver já ter começado a diluir.
sábado, 14 de agosto de 2010
fadada a fingir
ao ouvir a pergunta, viro-me de costas para deparar-me com os estupradores sociais.
nos olhares cintilantes de esperança enxergo todas as suas fantasias sendo consumadas em uma única resposta, cuspida em minha boca; o brilho de suas faces e sorrisos deixa transparecer uma dourada promessa de finais felizes vividos através outros olhos, outros sorrisos.
antecipo a decepção nos olhos reluzentes ao encarar a verdade, sentindo os gélidos corredores de titâneo que agora nos separam. meu rosto é iluminado pela sua excessiva cor branca, minha visão fez-se eclipse e borrão; as açucaradas expectativas não correspondem à piscina de lama e lava que é minha alma. minha tarefa foi descumprida; o que deveria sentir um corpo dócil como o meu não sente. ele sente sede, sede de algo além do dever - seria o devir? meus olhos não o reconhecem mais? não sabia. não sabia nem mesmo que nome anotar na etiqueta para posterior análise ou engavetamento. na verdade, meus sentimentos em torno daquela gaveta se faziam mais claros do que qualquer outro: ah, o horror!
então minto, um sorriso é secretado e excretado do casulo e enfim declaro: "ainda não caiu a ficha!"
nos olhares cintilantes de esperança enxergo todas as suas fantasias sendo consumadas em uma única resposta, cuspida em minha boca; o brilho de suas faces e sorrisos deixa transparecer uma dourada promessa de finais felizes vividos através outros olhos, outros sorrisos.
antecipo a decepção nos olhos reluzentes ao encarar a verdade, sentindo os gélidos corredores de titâneo que agora nos separam. meu rosto é iluminado pela sua excessiva cor branca, minha visão fez-se eclipse e borrão; as açucaradas expectativas não correspondem à piscina de lama e lava que é minha alma. minha tarefa foi descumprida; o que deveria sentir um corpo dócil como o meu não sente. ele sente sede, sede de algo além do dever - seria o devir? meus olhos não o reconhecem mais? não sabia. não sabia nem mesmo que nome anotar na etiqueta para posterior análise ou engavetamento. na verdade, meus sentimentos em torno daquela gaveta se faziam mais claros do que qualquer outro: ah, o horror!
então minto, um sorriso é secretado e excretado do casulo e enfim declaro: "ainda não caiu a ficha!"
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quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Se eu morrer, não chore não, é só o mar
Apesar da enorme alegria com a qual me presenteia o morno lago, é necessário respingá-lo também nas chamas; desse modo o evaporar se expirará em catarse e renascerá, reluzindo como fênix em condensação, preenchendo os silêncios com o milagroso esplendor das gotas cristalinas, puras, e cunhando-se enfim novo lago. O tatear com o solo escaldante o fez pequeno mar, revolto e convulso, ondas caóticas que quebravam em si mesmas: contra isso meus olhos não são mais capazes de lutar, e penetram adentro de cada estremecer, deslumbrados pelo seu vigor. Contemplo o mar com cada milímetro de mim, fascinada com a vivacidade e a magnitude de suas ondas, num transe que unta-me ao som do quebrar. É o resplandecer do sacrifício, o cintilar da revolução, o resplandecer da morte e da vida. Sem esse mar eu não poderia mais viver, e muito menos morrer.
não saber amar como um bom burguês
Não é um medo estarrecedor, de um raio ou uma rocha flamejante atirada e cuspida em minha direção, com poder de fazer-me perecer nas chamas da destruição. É, sim, medo - tão aterrorizante quanto qualquer outro - mas de outro gênero. É medo da paz, do contentamento, da satisfação e da marola; medo de não ter pelo que morrer, somente pelo que extinguir-se.
Grande prazer me proporciona o morno lago ao fazer-me boiar, suave e perfeito; a água enrosca seus dedos por entre meus cabelos e afaga-me, com tal delicadeza e gentileza que deixo-me comover, revirar e abraçar o travesseiro de plumas e amores que as algas - tão hospitaleiras - doaram à sua fiel visitante. Enquanto a água beija meu corpo nu, contornando-o absoluto, adentrando pelas cavernas escondidas com inequiparável devoção, em minha alma floresce felicidade que a preenche até a boca, pois afinal conseguiu tudo o que desejava nas fitinhas do senhor do bonfim, tudo aquilo que confortava-a e procurava confortá-la incessantemente. Ao dar-me conta de que a fantasia tomara tal forma, ao deparar-me com ela a poucos metros de mim, aquele veneno, a amarga e temida angústia, renasce de minhas entranhas; percorre então os longos e íleos caminhos que compõem o meu cerne à procura de oxigênio, arrastando-se sempre para frente, deveras frenético e de avassaladora pressão - pois a morte por asfixia é dura demais. Segue os vestígios de luz e encontra uma válvula de escape: são meus olhos, e através deles agora vazam cachoeiras de angústia; lavando-me o corpo com o ácido líquido da culpa. Mais uma vez ardo, mas ardo não de paixão, e sim de auto-consciência; a dolorosa pontada touché por mim mesma, fincada como penitência por não saber amar como um bom burguês.
Grande prazer me proporciona o morno lago ao fazer-me boiar, suave e perfeito; a água enrosca seus dedos por entre meus cabelos e afaga-me, com tal delicadeza e gentileza que deixo-me comover, revirar e abraçar o travesseiro de plumas e amores que as algas - tão hospitaleiras - doaram à sua fiel visitante. Enquanto a água beija meu corpo nu, contornando-o absoluto, adentrando pelas cavernas escondidas com inequiparável devoção, em minha alma floresce felicidade que a preenche até a boca, pois afinal conseguiu tudo o que desejava nas fitinhas do senhor do bonfim, tudo aquilo que confortava-a e procurava confortá-la incessantemente. Ao dar-me conta de que a fantasia tomara tal forma, ao deparar-me com ela a poucos metros de mim, aquele veneno, a amarga e temida angústia, renasce de minhas entranhas; percorre então os longos e íleos caminhos que compõem o meu cerne à procura de oxigênio, arrastando-se sempre para frente, deveras frenético e de avassaladora pressão - pois a morte por asfixia é dura demais. Segue os vestígios de luz e encontra uma válvula de escape: são meus olhos, e através deles agora vazam cachoeiras de angústia; lavando-me o corpo com o ácido líquido da culpa. Mais uma vez ardo, mas ardo não de paixão, e sim de auto-consciência; a dolorosa pontada touché por mim mesma, fincada como penitência por não saber amar como um bom burguês.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
vivo, muito vivo, vivo, vivo feel the sound of music in my belly, belly
Arrepio gelado vem da sensação de viver. É bela, pois seu estado de espírito contempla o estado de seu espírito - sem nenhuma outra alternativa além de senti-lo, atônito, sem fôlego por saber que deslumbroso significado pode colorir sua humilde existência em traços impressionistas, realçando suas curvas e todos seus resquícios de ardente movimento. Num ato de gloriosa inspiração, ar e aleluia enchem o meu cerne com tal vigor que me arranca lágrimas. Consciente de cada minusciosa víscera que palpita em mim, minha aura brilha de júbilo e não me contenho; acaricio meus braços do pulso ao ombro, e me envolvo em nuvens de felicidade ao meu corpo ser abraçado por seu mais íntimo amigo.
Em seguida implode puríssimo amor. Pela minha chama, por este delirante sabor salgado que escorre pela minha face ser real, por estar vivo, muito vivo, vivo, vivo!
Em seguida implode puríssimo amor. Pela minha chama, por este delirante sabor salgado que escorre pela minha face ser real, por estar vivo, muito vivo, vivo, vivo!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Momento secreto
As lágrimas escorrendo desde a gênese das suas inseguranças chegaram até seus lábios - expressivamente mais avermelhados - trouxeram de volta consigo o salgado sabor da auto-piedade, as palpitações da mais solene purificação e os veementes ressentimentos, que rasgavam-no atravessando cerne do peitoral másculo e impenetrável. Uma impetuosa tsunami de dúvidas sobre suas próprias aptidões e significações o invadiu de modo avassalador, sem poupá-lo de uma sicatriz sequer.
April, sua melhor amiga, avistou tal desmoronamento interior assim que Michel retornou à sala cheia de pessoas. Se tornara profissional em detectar as sutilezas dos sintomas emocionais do rapaz. Ele suava excessivamente, a região ao redor da boca apresentava um avermelhamento característico e seus olhos exalavam morte; a confirmação, para ela, se deu quando ele se apoiou na mesa com as mãos cerradas, com o ar recatado de quem sofreu um abalo sísmico por dentro.
A confidente se aproximou, coberta de calor para transmitir, e estrelaçou seus dedos nos do amigo. Ele, ao levantar levemente a cabeça, encontrou aqueles olhos piedosos - os únicos que enxergavam por trás de sua palidez - e se sentiu em casa.
As feridas abertas revelaram a carne viva de Michel, tão frágil e sensível quanto qualquer outra - talvez até mais. A transparência do edotélio-carapuça que ele vestia não ocultava o golpe abrupto ao qual foi submetido, mas deixava também visível seu grande coração; sua natureza humana, que sempre fora capaz de curar-se de qualquer catástrofe, da sua única e pessoal maneira de lidar consigo mesmo.
April apostou na natureza de Michel. Em seus braços, acompanhou o amigo na sua salgada purificação da alma, e o subsidiou presenteando-o com algumas horas do seu dia, no canto confortável e secreto da cozinha, onde só eles podiam se ouvir.
April, sua melhor amiga, avistou tal desmoronamento interior assim que Michel retornou à sala cheia de pessoas. Se tornara profissional em detectar as sutilezas dos sintomas emocionais do rapaz. Ele suava excessivamente, a região ao redor da boca apresentava um avermelhamento característico e seus olhos exalavam morte; a confirmação, para ela, se deu quando ele se apoiou na mesa com as mãos cerradas, com o ar recatado de quem sofreu um abalo sísmico por dentro.
A confidente se aproximou, coberta de calor para transmitir, e estrelaçou seus dedos nos do amigo. Ele, ao levantar levemente a cabeça, encontrou aqueles olhos piedosos - os únicos que enxergavam por trás de sua palidez - e se sentiu em casa.
As feridas abertas revelaram a carne viva de Michel, tão frágil e sensível quanto qualquer outra - talvez até mais. A transparência do edotélio-carapuça que ele vestia não ocultava o golpe abrupto ao qual foi submetido, mas deixava também visível seu grande coração; sua natureza humana, que sempre fora capaz de curar-se de qualquer catástrofe, da sua única e pessoal maneira de lidar consigo mesmo.
April apostou na natureza de Michel. Em seus braços, acompanhou o amigo na sua salgada purificação da alma, e o subsidiou presenteando-o com algumas horas do seu dia, no canto confortável e secreto da cozinha, onde só eles podiam se ouvir.
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quarta-feira, 7 de julho de 2010
um mundo ideal
Ela colocava constantemente flores num vaso: vivenciando o futuro atemporal, com seu plebeu de cabelos pretos viajava pelas estrelas num tapete persa, enquanto compartilhava filosofias e sonhos entre luares e águas refletidas. Percorriam os véus da emoção de um novo laço, em meio a um oceano de amores apressados, pulsionando vida por toda a alma. O Devir era tudo - senhor de si, de todos, dos dois. Fundidos nessa única e mágica nova realidade, a eternidade é pouco. Leveza pura é o som de ser livre e se fazer prisioneiro de outrém. Dela emanava o perfume do sentimento eterno enquanto si, e a doce amarga fragilidade cristalina a erigia tal como o Leão. Seu suor eram as lágrimas do júbilo de querer perecer; morrer a cada instante para revivê-los de diversas formas, em diversas novas vidas.
Poderia ela derreter-se para dentro dele? Poderia ele se entranhar nela e vestir sua pele e suas vísceras? Não nas leis às quais se submeteram. Suas histórias se costuram aqui, mas só criam vastos tecidos no Devir; somente num universo atemporal podem regorzijar das infinitas combinações de retalhos que derivam de tal plenitude. E essa era sua maior fantasia.
Como retirá-lo do freezer de deveres supérfulos e trazê-lo consigo, para a Realidade? Será que os mitos terrestres nunca cessariam? Nunca verão que a condição humana não está à venda? O pensamento a atravessava, deixando-a cabisbaixa. Sua loucura a libertava e a aprisionava, pois nunca conseguira trazer seus afetos à sua floresta. Nunca poderiam ver a chuva de meteoros noite após noite, tampouco as auroras boreais de seus invernos. Seu sonho era quebrar o feitiço do passado-futuro que alienava seus companheiros de Terra, em algum crepúsculo de terça-feira, para compartilhar com eles suas árvores preferidas e cada uma de suas histórias. Desejou-o nos três nós da sua fitinha de Senhor do Bonfim. Um dia chegará, ela se desfará; e junto com ela, sua solidão.
domingo, 4 de julho de 2010
humano, demasiadamente humano
atemporais e plenas são as penas das minhas emoções.
o amor é livre enquanto amor;
escamado em toda a sua complexidade
pele atrás de pele, penetrando à flesh
carne viva essa que pulsa e flui como os céus de van gogh
revelada em puro retrato real
e amada pelo que ela é: isso é ser um
sem apreensões, sem ilusões
entrega da alma em entrelaços que se tranceiam
em meio a confissões, desenhos, serenatas e luares
confundem-se nos mares turbulentos cor-de-rosa
que banham a odisséia entre lençóis
invejada por delacroix, debruçada por beauvoir
líquida, mas verdadeira
eterna enquanto amor
impossível enquanto pudor
e impressindível enquanto calor
humano, demasiadamente humano
o amor é livre enquanto amor;
escamado em toda a sua complexidade
pele atrás de pele, penetrando à flesh
carne viva essa que pulsa e flui como os céus de van gogh
revelada em puro retrato real
e amada pelo que ela é: isso é ser um
sem apreensões, sem ilusões
entrega da alma em entrelaços que se tranceiam
em meio a confissões, desenhos, serenatas e luares
confundem-se nos mares turbulentos cor-de-rosa
que banham a odisséia entre lençóis
invejada por delacroix, debruçada por beauvoir
líquida, mas verdadeira
eterna enquanto amor
impossível enquanto pudor
e impressindível enquanto calor
humano, demasiadamente humano
ode ao sol da manhã
tão vasto e derradeiro é o mundo lá foraaterracedor e iluminado
por detrás da visão listrada semicerro os olhos
murmurro onomatopéias
agarro com furor minhas cobertas
e tento fugir da luz, no calorzinho do meu líquido amniótico
me aconchego e encolho as pernas
retorno à posição do quadro de Klimt
lá de dentro, a sonata de Liszt chega a meu inconsciente
promulga suas garras nebulosas esverdeadas
e me traz de volta, pelo PCs ao Cs
me fazendo esticar, tatear
até encontrar os botões que a fazem parar
(para retornar às profundezas da mente em dez minutos)
enquanto busco me devolver ao estado alucinógeno
tão doce, tão sincero
com o qual a alma me presenteia
no nosso encontro noite após noite:
meu amor mais duradouro,
mais íntimo, mais pleno
minha única psyché.
sábado, 3 de julho de 2010
goteira (i'm going back to the start)
o nosso sol de junho está se pondo;
sinto-me entrar num cânion de velhos erros
enquanto gozo o doce auge de fogos de artifícios
algo está para acontecer - afinal
mediante esse mar de linhas coloridas e tediosas
plástico bolha:
divertidas mas vazias.
esperando debaixo de uma clareira, por dentre verdes e amarelos
jaz o hedonista solitário, encondendo-se de seus prazeres
caleidoscópios o divertem
a embriaguez química o aliena;
dos si-mesmos em grutas escuras.
tem medo das estalagtites que o devorarão
e do vômito ácido que corroerá seus pés.
e então?
sinto-me entrar num cânion de velhos erros
enquanto gozo o doce auge de fogos de artifícios
algo está para acontecer - afinal
mediante esse mar de linhas coloridas e tediosas
plástico bolha:
divertidas mas vazias.
esperando debaixo de uma clareira, por dentre verdes e amarelos
jaz o hedonista solitário, encondendo-se de seus prazeres
caleidoscópios o divertem
a embriaguez química o aliena;
dos si-mesmos em grutas escuras.
tem medo das estalagtites que o devorarão
e do vômito ácido que corroerá seus pés.
e então?
domingo, 6 de junho de 2010
musa do azul iluminado
no meio do deserto salino havia um repolho
lá dentro, pauline se encolhia
mergulhada em fluidos brilhantes como o céu
na imensidão branca...
em seu pequeno mundo, dançava
dançava como nunca poderia dançar viva
e lá, se sentia especial :
cavalos marinhos e serpentes de nuvem a nutriam
a luz dos olhos de vaga-lumes
com um vento gostoso a acordava, suavemente
todas as noites matinais
e dias de entardecer
e em todos, entre rodopios infinitos,
ela rezava - "obrigada, deus,
por não me fazer nascer!"
lá dentro, pauline se encolhia
mergulhada em fluidos brilhantes como o céu
na imensidão branca...
em seu pequeno mundo, dançava
dançava como nunca poderia dançar viva
e lá, se sentia especial :
cavalos marinhos e serpentes de nuvem a nutriam
a luz dos olhos de vaga-lumes
com um vento gostoso a acordava, suavemente
todas as noites matinais
e dias de entardecer
e em todos, entre rodopios infinitos,
ela rezava - "obrigada, deus,
por não me fazer nascer!"
nublado
o sonhador vagueia pela praia negra,
por entre centelhas de setembros perdidos
que mais parecem nuvens de castigo.
quase na chegada, ele dorme
ele se acostuma...
mas e aquele portão dourado que o espera?
será mesmo que atrás deste, a felicidade eterna o abraçará?
será que seus doces sonhos não desvanescerão na passagem entre mundos?
acordar : é compulsório
e agora que o céu se aproxima, é hora de não mais exitar
é hora de encarar todos os seus pedidos
que se realizaram - e, portanto, perderam o romance.
o gelo gostoso que voa pelas bochechas
e o salgado das lágrimas que choviam nos dias de verão
faziam-se construir um imenso guarda-sol
sem janelas , sem frestas
para manter os 16º que o fazia se abraçar
debaixo das cobertas, em seu mundo
atemporal, literário
para toda a eternidade até o alarme tocar.
por entre centelhas de setembros perdidos
que mais parecem nuvens de castigo.
quase na chegada, ele dorme
ele se acostuma...
mas e aquele portão dourado que o espera?
será mesmo que atrás deste, a felicidade eterna o abraçará?
será que seus doces sonhos não desvanescerão na passagem entre mundos?
acordar : é compulsório
e agora que o céu se aproxima, é hora de não mais exitar
é hora de encarar todos os seus pedidos
que se realizaram - e, portanto, perderam o romance.
o gelo gostoso que voa pelas bochechas
e o salgado das lágrimas que choviam nos dias de verão
faziam-se construir um imenso guarda-sol
sem janelas , sem frestas
para manter os 16º que o fazia se abraçar
debaixo das cobertas, em seu mundo
atemporal, literário
para toda a eternidade até o alarme tocar.
Stella foi colher amoras e voltou com uma Amélie.
As madeixas pretas lá jaziam, na mais eterna doce melancolia. Só, envolta por sentimentos de amargura, de seu cantinho erosivo não sairia : era sua porta (trancada) para seu próprio mundo. Correntes de giletes a enclausuravam em um mausoléu nobre, criada por ela para ela mesma. Seu mórbido visage e seus olhos sem esperança avistaram o espelho dos narcisos, e lá se afundou; de nada mais necessita além de seu espetáculo sofrido, a cerimônia de premiação dos maiores pesares cujo troféu foi dado a ela, por ela. O mundo lá fora era frio, irreal, quebrado e traiçoeiro; e o pior de tudo, lá, ela teria que renunciar sua tristeza.
Que lhe daria o amadurecimento em troca do abandono do doce sofrimento?
Que lhe daria o amadurecimento em troca do abandono do doce sofrimento?
domingo, 23 de maio de 2010
restlessness (k-kinda bu-sy)
cansado, entediado, inquieto
em relação a todos os tipos de afeto.
com novas madeixas vem nova vida
uma vida borrada e sem direções,
aproveitada ao máximo?
chapéus e lápis para o alto,
pois o curtindo a vida adoidado está gritando para entrar.
"um pequeno esforço para o futuro" uma ova
o saco está cheio e o cheio está um saco
cadê os livros impressos no cérebro
que só me vejo voltando à janelinha que pisca?
"mais uma dose, é claro que eu to afim"
na verdade eu quero todas e todos
"por que a gente é assim?"
em relação a todos os tipos de afeto.
com novas madeixas vem nova vida
uma vida borrada e sem direções,
aproveitada ao máximo?
chapéus e lápis para o alto,
pois o curtindo a vida adoidado está gritando para entrar.
"um pequeno esforço para o futuro" uma ova
o saco está cheio e o cheio está um saco
cadê os livros impressos no cérebro
que só me vejo voltando à janelinha que pisca?
"mais uma dose, é claro que eu to afim"
na verdade eu quero todas e todos
"por que a gente é assim?"
sexta-feira, 7 de maio de 2010
melancolia
melancolia é vácuo que obstrui as narinas
tão parte sua quanto o seu rim
este filtra o sangue; aquela filtra as visões
tinge-as de negro e transborda aos olhos
ou ao coração - hemorragia.
tão parte sua quanto o seu rim
este filtra o sangue; aquela filtra as visões
tinge-as de negro e transborda aos olhos
ou ao coração - hemorragia.
domingo, 2 de maio de 2010
nothing's quite what it seems in a city of dreams
Tenho uma visão
360, subjetivação
céu, terra, água, fogo e energia
there's no such thing as fairies
mito, místico, intangível
o quão mágico?
360, subjetivação
céu, terra, água, fogo e energia
there's no such thing as fairies
mito, místico, intangível
o quão mágico?
dancing with my confusion (english)
the months go by slowly
as the weeks and days punish me with their emptyness
an emptyness i vaguely recognize
from the offly far away lands of which i have been pushed away
by the time and space of social remarks of what is right
for them, i most certainly did obey
though my most profound wish was to explore the beautiful and vast possibilities
of self guidance and indentification
reflected on the lagoons by the Alps and snow mountain sides.
the still very blurred vision of myself was presented to me
and who am i, if not only physical manifestations of the whatsitcalled particules
that consist my figure of soul and love?
maybe the dark despair cloud of the heart can tell you
what it is that i am finally made of:
The horror! The horror!
no meaning whatsoever is added to this -
could it be?
there's still an untoucheble inner light
which was disguised by the byronesque melancholy
for great mourning carries great renaissance
walking along by misleading steps
Wonderland and the Continent of Darkness
fighting for attention and power,
for long as they both shall live.
Now I am a capital I
the same first letter of Inconscious
inside a body-and-soul that is unique
and therefor, psyche
a one and only psyche.
as the weeks and days punish me with their emptyness
an emptyness i vaguely recognize
from the offly far away lands of which i have been pushed away
by the time and space of social remarks of what is right
for them, i most certainly did obey
though my most profound wish was to explore the beautiful and vast possibilities
of self guidance and indentification
reflected on the lagoons by the Alps and snow mountain sides.
the still very blurred vision of myself was presented to me
and who am i, if not only physical manifestations of the whatsitcalled particules
that consist my figure of soul and love?
maybe the dark despair cloud of the heart can tell you
what it is that i am finally made of:
The horror! The horror!
no meaning whatsoever is added to this -
could it be?
there's still an untoucheble inner light
which was disguised by the byronesque melancholy
for great mourning carries great renaissance
walking along by misleading steps
Wonderland and the Continent of Darkness
fighting for attention and power,
for long as they both shall live.
Now I am a capital I
the same first letter of Inconscious
inside a body-and-soul that is unique
and therefor, psyche
a one and only psyche.
domingo, 25 de abril de 2010
ravashing
facas do céu
são a nova chuva de homens de sobretudo e chapéu
perfuram com paixão destroçadora
de violência e cheiro vivo
e tudo o que é promíscuo
enfia, mete tudo o que tem
rasga e arranha
venenosa aranha
são a nova chuva de homens de sobretudo e chapéu
perfuram com paixão destroçadora
de violência e cheiro vivo
e tudo o que é promíscuo
enfia, mete tudo o que tem
rasga e arranha
venenosa aranha
psicologia da procrastinação
que será que será
que me trava e deprime
me come, me domina
toda a porra do tempo
por mais doce que sejam os bolos?
sim, é outrora doçura
a doçura do amargo: wallow
onomatopéico que só
designa o retrato de um complexo.
assim se vê, assim se vive
a seu modo, intenso
e insubstituível
que me trava e deprime
me come, me domina
toda a porra do tempo
por mais doce que sejam os bolos?
sim, é outrora doçura
a doçura do amargo: wallow
onomatopéico que só
designa o retrato de um complexo.
assim se vê, assim se vive
a seu modo, intenso
e insubstituível
sexta-feira, 23 de abril de 2010
crushed (sem título)
crushed like a bug in the ground
lá vou eu, a com os menores problemas do mundo
histérica e inútil
gritando por um que ultrapasse o vidro
se rasgue tentando, mas insista
e ensangüentado(a), lance a pergunta:
como você se sente?
lá vou eu, a com os menores problemas do mundo
histérica e inútil
gritando por um que ultrapasse o vidro
se rasgue tentando, mas insista
e ensangüentado(a), lance a pergunta:
como você se sente?
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solidão
Lisztomania (bleh)
Um macarrão com pomarola
Uma mousse de maracujá
Um yogoberry com negresco e m&m's
Um ovo de páscoa
Uma caipirinha
Um galão de caipirinha
Uma bandinha nova de rock pseudo inglês
Um bom livro
Uma playboy
Uma sessão no Estação
Um sebo bom e barato
Umas expressões num blog
Não são uma noite com o meu Lego.
Uma mousse de maracujá
Um yogoberry com negresco e m&m's
Um ovo de páscoa
Uma caipirinha
Um galão de caipirinha
Uma bandinha nova de rock pseudo inglês
Um bom livro
Uma playboy
Uma sessão no Estação
Um sebo bom e barato
Umas expressões num blog
Não são uma noite com o meu Lego.
Eu poderia te dar um tiro
você se acha tão inexorável
com seus ponteiros e raios flamejantes
que atingem a todos os infortunados
inclusive a mim, no subjetivo
fucking subjetivo
poderia atirar nos dois
e explodir essa merda
é.
com seus ponteiros e raios flamejantes
que atingem a todos os infortunados
inclusive a mim, no subjetivo
fucking subjetivo
poderia atirar nos dois
e explodir essa merda
é.
Esse calor que derrete o meu cérebro
Esse calor que derrete o meu cérebro
também transpira emoções.
Raiva, angústia, inquietude, arrependimento e medo escorrem e se unem em poça
para refletir meu rosto in-intrépido
como um cachorro reflete seu dono.
a última gota já se esgotou e não agüento mais.
que o tempo passe e leve o seu maldito tempo tropical com ele
até o último resquício desse bafo dos infernos.
As horas e os dias passam e nada faço, só suo,
suo e misso
submissa.
E escrevo poemas de merda
também transpira emoções.
Raiva, angústia, inquietude, arrependimento e medo escorrem e se unem em poça
para refletir meu rosto in-intrépido
como um cachorro reflete seu dono.
a última gota já se esgotou e não agüento mais.
que o tempo passe e leve o seu maldito tempo tropical com ele
até o último resquício desse bafo dos infernos.
As horas e os dias passam e nada faço, só suo,
suo e misso
submissa.
E escrevo poemas de merda
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tempo
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Sonhos
Na trilha para atravessar a censura
a psi levanta seu pincel e começa, pacientemente,
sua obra de arte de cada noite.
Com uma planilha do arco-íris mais esplendoroso
ela lança em arremessadas vívidas e rápidas
Um mergulho para este interior celestial:
a imensidão líquida
sem limites, chão ou teto
relógios derretidos e elefantes
uma rajada de cores surrealista;
atrás da outra, e da outra, um conjunto de símbolos
individuais?
ora, mas são todos ao mesmo tempo
coletivo, indivíduo
mente, espírito, alma, corpo
uma pitada de cada um...
juntos em um magnífico lago de reflexos do inconsciente -
infinito como o céu, intocável.
a psi levanta seu pincel e começa, pacientemente,
sua obra de arte de cada noite.
Com uma planilha do arco-íris mais esplendoroso
ela lança em arremessadas vívidas e rápidas
Um mergulho para este interior celestial:
a imensidão líquida
sem limites, chão ou teto
relógios derretidos e elefantes
uma rajada de cores surrealista;
atrás da outra, e da outra, um conjunto de símbolos
individuais?
ora, mas são todos ao mesmo tempo
coletivo, indivíduo
mente, espírito, alma, corpo
uma pitada de cada um...
juntos em um magnífico lago de reflexos do inconsciente -
infinito como o céu, intocável.
segunda-feira, 15 de março de 2010
Estucada na Mancha
Pendulando em opiniões, vou nadando
no aquário do Canal, e os anos vão passando
e eu marrei
porque estou tão doente disso tudo...
se lar é onde mora o seu coração
por que sou arremessada
de novo e de novo
de volta para o Atlântico?
Acorrentada à mancha, alterno de terras
de tempos em tempos
pra ver qual me vai.
mas algumas vezes tento ver
qual me terna...
e tudo converge num transtorno patrial
a teia que eu me fiz construir
da qual não consigo mais sair.
Alma extraviada continua sua busca
pela nação que encha seus sapatos
para ela sempre será errante
e errante ela para sempre será.
obs.:
stuck / la manche
j'en ai marre / i'm so sick of it
quelle me va / which one suits me
fill its shoes
for it will always be
no aquário do Canal, e os anos vão passando
e eu marrei
porque estou tão doente disso tudo...
se lar é onde mora o seu coração
por que sou arremessada
de novo e de novo
de volta para o Atlântico?
Acorrentada à mancha, alterno de terras
de tempos em tempos
pra ver qual me vai.
mas algumas vezes tento ver
qual me terna...
e tudo converge num transtorno patrial
a teia que eu me fiz construir
da qual não consigo mais sair.
Alma extraviada continua sua busca
pela nação que encha seus sapatos
para ela sempre será errante
e errante ela para sempre será.
obs.:
stuck / la manche
j'en ai marre / i'm so sick of it
quelle me va / which one suits me
fill its shoes
for it will always be
segunda-feira, 8 de março de 2010
Inverno
as flores congeladas que nascem dos algodões-doces
dançam no ar em direção à terra
hora graciosas, hora apressadas
tortas, coreografadas ou não
seguindo o ritmo da orquestra de dentro dos tímpanos.
ao fim de seus redemoinhos deixam rastros brancos
brancos como sua grande-mãe, solitários ou em massa
massa esta que se deita sobre as folhagens
e os gramados, as árvores e as montanhas
até mesmo nas terras: verglas.
os filhos glissados lançam um feitiço sobre o ambiente
em vez de adormecê-lo, o enche de sonhos
penumbra lívida
no deslizar, enxerga-se
o sem fim, o eterno
os flocos passam espalhando o encanto
encantando o reino das almas perdidas
tocando as faces uma por uma
o castelo contempla a chegada dos ventos gelados
é tempo de parar, refletir, enquanto vêem-se as tempestades níveas
e enfim dormir em paz.
dançam no ar em direção à terra
hora graciosas, hora apressadas
tortas, coreografadas ou não
seguindo o ritmo da orquestra de dentro dos tímpanos.
ao fim de seus redemoinhos deixam rastros brancos
brancos como sua grande-mãe, solitários ou em massa
massa esta que se deita sobre as folhagens
e os gramados, as árvores e as montanhas
até mesmo nas terras: verglas.
os filhos glissados lançam um feitiço sobre o ambiente
em vez de adormecê-lo, o enche de sonhos
penumbra lívida
no deslizar, enxerga-se
o sem fim, o eterno
os flocos passam espalhando o encanto
encantando o reino das almas perdidas
tocando as faces uma por uma
o castelo contempla a chegada dos ventos gelados
é tempo de parar, refletir, enquanto vêem-se as tempestades níveas
e enfim dormir em paz.
quarta-feira, 3 de março de 2010
À procura de palavras poéticas
no momento súbito que um acorde ultrapassa seus tímpanos, a musa fecha os olhos.
ela não é mais mulher, não é mais musa
ela é pena a voar, carpa a dançar
reais emoções dela transbordam
e como soprá-las para fora?
ela não é mais mulher, não é mais musa
ela é pena a voar, carpa a dançar
reais emoções dela transbordam
e como soprá-las para fora?
Penélope
Penélope calvalgou no corcel indomável;
suas loucuras o tomaram e ela tomou suas rédeas.
sentir, é o que Penélope quer sentir
correndo pela campanha
ao relinchar, e a designar seu futuro
porque a noite não adormecerá
nunca
e nunca adoçará; quiçá amolecer
mas certamente salgará
pois há força sufocante em seus lençóis.
suas loucuras o tomaram e ela tomou suas rédeas.
sentir, é o que Penélope quer sentir
correndo pela campanha
ao relinchar, e a designar seu futuro
porque a noite não adormecerá
nunca
e nunca adoçará; quiçá amolecer
mas certamente salgará
pois há força sufocante em seus lençóis.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Cuidado! Este post pode ser perigoso!
Olá!
Estou tomando conta desse blog nesse momento. Isso mesmo, o seu dono não está aqui agora e eu resolvi invadí-lo. Quem sou eu? Podem me chamar de Mimolette. Mas o que significa isso? Caso não saiba, Mimolette é um queijo fabricado na Holanda e no norte da França. Possui uma forte cor laranja, que pode ser mais escura ou mais clara dependendo do produtor e da idade do queijo.
Mas o importante é que posso ser chamado de Mimolette. Aliás, o dono deste blog também pode ser chamado de Mimolette. Mas não se confundam, pois eu não sou o dono deste blog! Apenas partilho este nome em comum. Se preferirem, podem usar Mimolette femme e Mimolette homme para diferenciar-nos. Não se sintam obrigados, afinal a diferença entre os dois é normalmente clara segundo o contexto. Por exemplo, agora o blog de Mimolette está sendo invadido por Mimolette.
Felizmente, tenho boas intenções. Assim, não vou revelar nenhum segredo íntimo do dono, Mimolette, neste post clandestino. Eu poderia facilmente fazer isso, pois conheço muitas coisas. Entretanto, prefiro apenas me apresentar. Agora que vocês me conhecem, talvez vocês voltem a ouvir falar de mim. Talvez eu consiga uma outra brecha neste blog, quem sabe? Quem sabe o que poderei dizer? Não é só porque guardo estes segredos para mim que eles não possam ser considerados como verdades. Aliás, muitas vezes, os segredos que são guardados com mais cuidado são os mais verdadeiros. Os mais autênticos. Os mais perigosos.
Pensem nisso.
ps: comam Mimolette, é bom pra caramba.
Estou tomando conta desse blog nesse momento. Isso mesmo, o seu dono não está aqui agora e eu resolvi invadí-lo. Quem sou eu? Podem me chamar de Mimolette. Mas o que significa isso? Caso não saiba, Mimolette é um queijo fabricado na Holanda e no norte da França. Possui uma forte cor laranja, que pode ser mais escura ou mais clara dependendo do produtor e da idade do queijo.
Mas o importante é que posso ser chamado de Mimolette. Aliás, o dono deste blog também pode ser chamado de Mimolette. Mas não se confundam, pois eu não sou o dono deste blog! Apenas partilho este nome em comum. Se preferirem, podem usar Mimolette femme e Mimolette homme para diferenciar-nos. Não se sintam obrigados, afinal a diferença entre os dois é normalmente clara segundo o contexto. Por exemplo, agora o blog de Mimolette está sendo invadido por Mimolette.
Felizmente, tenho boas intenções. Assim, não vou revelar nenhum segredo íntimo do dono, Mimolette, neste post clandestino. Eu poderia facilmente fazer isso, pois conheço muitas coisas. Entretanto, prefiro apenas me apresentar. Agora que vocês me conhecem, talvez vocês voltem a ouvir falar de mim. Talvez eu consiga uma outra brecha neste blog, quem sabe? Quem sabe o que poderei dizer? Não é só porque guardo estes segredos para mim que eles não possam ser considerados como verdades. Aliás, muitas vezes, os segredos que são guardados com mais cuidado são os mais verdadeiros. Os mais autênticos. Os mais perigosos.
Pensem nisso.
ps: comam Mimolette, é bom pra caramba.
Home?
Home, home again
I'd like to be here, but I can't
Because I am
One lost soul swimming in a fish bowl.
I'd like to be here, but I can't
Because I am
One lost soul swimming in a fish bowl.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
twinkle twinkle little bat
não,não, nada de depressões. Somente aspirações, inspirações, macarrões!
ah, a dura tarefa de entrar no mundo de outrém: "A paixão moderna pela fascinação da imagem corresponde ao modo vertiginoso de construir e desconstruir casais em nossos tempos. A dialética entre o olho da fotógrafa (ver) e a dança da stripper (dar a ver)".
é tudo tão belamente complexo;
é o nosso mundo, tout autour um mar de salmões contra a corrente, envolto pelo caos que gira nossas vidas. O que seríamos, afinal, sem a pulsão de morte?
fim do telegrama do chá das 5.
very very very rude in deed...
ah, a dura tarefa de entrar no mundo de outrém: "A paixão moderna pela fascinação da imagem corresponde ao modo vertiginoso de construir e desconstruir casais em nossos tempos. A dialética entre o olho da fotógrafa (ver) e a dança da stripper (dar a ver)".
é tudo tão belamente complexo;
é o nosso mundo, tout autour um mar de salmões contra a corrente, envolto pelo caos que gira nossas vidas. O que seríamos, afinal, sem a pulsão de morte?
fim do telegrama do chá das 5.
very very very rude in deed...
nota mental...
TEMPO PARA VIAJANTES
UMA (NÃO TÃO BREVE) HISTÓRIA DO TEMPO
Luiz Alberto Oliveira
Acreditamos, fundados em nosso senso comum, conhecer os atributos essenciais do Tempo: fluxo irresistível que transporta os seres do mundo do passado para o futuro, base deslizante em que o Real habita, linha infinita de instantes. Há, sem dúvida, uma Imagem do Tempo bem definida no Ocidente. Contudo, essa Imagem, tal como cotidianamente –e, em geral, inconscientemente – a empregamos,está em vias de sofrer um abalo dos mais profundos em função das inovações científicas mais recentes: não só as Ciências contemporâneas exibem diversas noções ou operadores denotados pelo mesmo termo “tempo” – indicando assim uma incompletude em nossa apreensão costumeira desse(s)conceito(s) tão básico(s) – como também, e ainda mais importante, para as Ciências atuais essa Imagem, ainda que funcional, não é “objetiva”, não corresponde a nenhum atributo fundamental da realidade natural. A célebre (e irônica) afirmação de Albert Einstein resume a posição de muitos cientistas: “Para os físicos, a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão, ainda que persistente…”. Surge, assim, um curioso campo de problemas: como se constituiu a Imagem do Tempo predominante hoje em dia? Que outras Imagens de Temporalidade são concebidas e empregadas pelas Ciências contemporâneas? Como o conhecimento sobre a natureza – e, paralelamente, o estatuto do sujeito humano – se transforma ante essas novas figuras do pensamento? Qual o significado potencial dessa refundação dos Tempos para outros campos da cultura? Essa revolução de perspectivas aponta para uma série de questões de grande alcance que se encontram tentadoramente em aberto…
As estações do percurso:
Início: 13 MAI
Duração: 7 encontros
Dias/horários: Quintas-Feiras, às 20h (13/05, 20/05, 27/05, 10/06, 17/06, 24/06, 01/07)Valor: R$ 180,00 na inscrição + 2 parcelas de R$ 225,00
Tel.: (21) 2227-2237
Horário de funcionamento: segunda a sexta: 11h às 20h
E-mail:inforio@casadosaber.com.br
13 MAI 1. UMA (NÃO TÃO BREVE) HISTÓRIA DO TEMPO Os episódios capitais da invenção do Tempo.
20 MAI 2. TIC-TAC, TIC-TAC Descrição do surgimento do relógio mecânico, a Mãe das Máquinas.
27 MAI 3. O TRONO DE CRONO Exame da constituição, operação e disseminação da imagem cotidiana do Tempo.
10 JUN 4. A COSMOVISÃO CONTEMPORÂNEA As inovações revolucionárias que destronaram a Cronalidade.
17 JUN 5. LABIRINTOS, BIBLIOTECAS E PARADOXOS Investigação da Hierarquia de Temporalidades evocada pelas Ciências contemporâneas.
24 JUN 6. OS TEMPOS COMPLEXOS As principais características dos novos tipos de Tempos que doravante vigoram.
01 JUL 7. CONCLUSÕES (TEMPORÁRIAS) Avaliação das consequências das novas figuras do Tempo para a atualidade.
Luiz Alberto Oliveira. Físico, doutor em Cosmologia e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT), onde também atua como professor de História e Filosofia da Ciência.
UMA (NÃO TÃO BREVE) HISTÓRIA DO TEMPO
Luiz Alberto Oliveira
Acreditamos, fundados em nosso senso comum, conhecer os atributos essenciais do Tempo: fluxo irresistível que transporta os seres do mundo do passado para o futuro, base deslizante em que o Real habita, linha infinita de instantes. Há, sem dúvida, uma Imagem do Tempo bem definida no Ocidente. Contudo, essa Imagem, tal como cotidianamente –e, em geral, inconscientemente – a empregamos,está em vias de sofrer um abalo dos mais profundos em função das inovações científicas mais recentes: não só as Ciências contemporâneas exibem diversas noções ou operadores denotados pelo mesmo termo “tempo” – indicando assim uma incompletude em nossa apreensão costumeira desse(s)conceito(s) tão básico(s) – como também, e ainda mais importante, para as Ciências atuais essa Imagem, ainda que funcional, não é “objetiva”, não corresponde a nenhum atributo fundamental da realidade natural. A célebre (e irônica) afirmação de Albert Einstein resume a posição de muitos cientistas: “Para os físicos, a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão, ainda que persistente…”. Surge, assim, um curioso campo de problemas: como se constituiu a Imagem do Tempo predominante hoje em dia? Que outras Imagens de Temporalidade são concebidas e empregadas pelas Ciências contemporâneas? Como o conhecimento sobre a natureza – e, paralelamente, o estatuto do sujeito humano – se transforma ante essas novas figuras do pensamento? Qual o significado potencial dessa refundação dos Tempos para outros campos da cultura? Essa revolução de perspectivas aponta para uma série de questões de grande alcance que se encontram tentadoramente em aberto…
As estações do percurso:
Início: 13 MAI
Duração: 7 encontros
Dias/horários: Quintas-Feiras, às 20h (13/05, 20/05, 27/05, 10/06, 17/06, 24/06, 01/07)Valor: R$ 180,00 na inscrição + 2 parcelas de R$ 225,00
Tel.: (21) 2227-2237
Horário de funcionamento: segunda a sexta: 11h às 20h
E-mail:inforio@casadosaber.com.br
13 MAI 1. UMA (NÃO TÃO BREVE) HISTÓRIA DO TEMPO Os episódios capitais da invenção do Tempo.
20 MAI 2. TIC-TAC, TIC-TAC Descrição do surgimento do relógio mecânico, a Mãe das Máquinas.
27 MAI 3. O TRONO DE CRONO Exame da constituição, operação e disseminação da imagem cotidiana do Tempo.
10 JUN 4. A COSMOVISÃO CONTEMPORÂNEA As inovações revolucionárias que destronaram a Cronalidade.
17 JUN 5. LABIRINTOS, BIBLIOTECAS E PARADOXOS Investigação da Hierarquia de Temporalidades evocada pelas Ciências contemporâneas.
24 JUN 6. OS TEMPOS COMPLEXOS As principais características dos novos tipos de Tempos que doravante vigoram.
01 JUL 7. CONCLUSÕES (TEMPORÁRIAS) Avaliação das consequências das novas figuras do Tempo para a atualidade.
Luiz Alberto Oliveira. Físico, doutor em Cosmologia e pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF/MCT), onde também atua como professor de História e Filosofia da Ciência.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Vaivém atrás da porta
quando você se foi
acompanhado pelo mestre de cerimônias
e me deixaste ali, no canto do salão
só e sóbria
não estava mais entre cem pessoas
elas fugiram; pr'uma realidade barrenta e confusa
onde nada importa a não ser futilidades
mas meu lugar não era ali.
chuviscos de rancor me transbordavam
pela sintonia rasgada (por medo)
um medo que virou resquício
(comparado ao da solidão)
...a pontada me atingiu novamente
e dessa vez sabia que algo estava errado.
então pensei: ora,
mas se tantos já encontraram equilíbrio por trás dessas portas
por que não eu?
acompanhado pelo mestre de cerimônias
e me deixaste ali, no canto do salão
só e sóbria
não estava mais entre cem pessoas
elas fugiram; pr'uma realidade barrenta e confusa
onde nada importa a não ser futilidades
mas meu lugar não era ali.
chuviscos de rancor me transbordavam
pela sintonia rasgada (por medo)
um medo que virou resquício
(comparado ao da solidão)
...a pontada me atingiu novamente
e dessa vez sabia que algo estava errado.
então pensei: ora,
mas se tantos já encontraram equilíbrio por trás dessas portas
por que não eu?
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poema
Catarse
eu senti
senti tudo ao mesmo tempo
grama, roupas, peitos, sangue
com uma energia musical que me abraçava.
para acompanhar, me abracei
eu me senti...
não precisava de nada -
de tudo me bastava
no céu lá estava eu dançando ao movimento
das luzes espelhadas na água.
me unir àquela fonte, toque a toque:
uma magia de cada vez.
ao som de gritos ritmais, meus dedos se fundiam
à água, como nunca antes
seu sonho havia se realizado bem ali, noutra realidade
seres-filhos; finalmente
enquanto os vizinhos do primeiro andar
têm um orgasmo com a grama
o self vive uma aglomeração de mundos;
uma colcha de retalhos psíquico-sensoriais
que a incorpora com naturalidade
divagam assim entre os universos de cada detalhe
unindo-os, mestiço
totalidade -
será?
o boom se completa com a colisão
das bochechas de algodão com os cachos de anjo
se unem ao rosto, ao abdomem, às pernas
e descansam junto ao antes self
imersos no que agora sim é novo universo
misto: um.
(the great gig in the sky -)
senti tudo ao mesmo tempo
grama, roupas, peitos, sangue
com uma energia musical que me abraçava.
para acompanhar, me abracei
eu me senti...
não precisava de nada -
de tudo me bastava
no céu lá estava eu dançando ao movimento
das luzes espelhadas na água.
me unir àquela fonte, toque a toque:
uma magia de cada vez.
ao som de gritos ritmais, meus dedos se fundiam
à água, como nunca antes
seu sonho havia se realizado bem ali, noutra realidade
seres-filhos; finalmente
enquanto os vizinhos do primeiro andar
têm um orgasmo com a grama
o self vive uma aglomeração de mundos;
uma colcha de retalhos psíquico-sensoriais
que a incorpora com naturalidade
divagam assim entre os universos de cada detalhe
unindo-os, mestiço
totalidade -
será?
o boom se completa com a colisão
das bochechas de algodão com os cachos de anjo
se unem ao rosto, ao abdomem, às pernas
e descansam junto ao antes self
imersos no que agora sim é novo universo
misto: um.
(the great gig in the sky -)
Ter seios
os morros debaixo do meu pescoço são meus,
agarro-os; pois me pertencem
sinto-os, vivo-os
os dedos os beijam, da margem esquerda aos bicos
depois os dominam como todo
até a margem da direita,
que infla de prazer.
o sutiã os acompanham desde muito temprano
está na hora de desabrochar
venham, deixem o ninho
e sintam o que é ser mulher...
brinquem, abracem a liberdade
permitam-se
que seus (outros) donos cuidem
- tão bem quanto sua mãe, a rosa - :
é hora de render à fera.
agarro-os; pois me pertencem
sinto-os, vivo-os
os dedos os beijam, da margem esquerda aos bicos
depois os dominam como todo
até a margem da direita,
que infla de prazer.
o sutiã os acompanham desde muito temprano
está na hora de desabrochar
venham, deixem o ninho
e sintam o que é ser mulher...
brinquem, abracem a liberdade
permitam-se
que seus (outros) donos cuidem
- tão bem quanto sua mãe, a rosa - :
é hora de render à fera.
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Toque é momento
corre pra lá, corre pra cá
deita aqui, sente a água
a terra
o ar...
gira, gira
é o ar que se une a você
respira,
estende os braços e se enterra
na lama, na grama
pra sempre
e seja feliz
ou não
deita aqui, sente a água
a terra
o ar...
gira, gira
é o ar que se une a você
respira,
estende os braços e se enterra
na lama, na grama
pra sempre
e seja feliz
ou não
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união,
woodstock
Eu e a grama.
eu e a grama
nos amamos como um poço.
ela e eu fomos feitos um pro outro;
e nunca mais há de nos separar.
orgasmo
atrás de orgasmo
e nada mais precisamos!
nos amamos como um poço.
ela e eu fomos feitos um pro outro;
e nunca mais há de nos separar.
orgasmo
atrás de orgasmo
e nada mais precisamos!
Ode a 2009
That day was miiiiine...
Fico aqui olhando para o recorte do Zach com a corneta, e "PercPan 2009" ao fundo, e depois virando para o lado e vendo o setlist (lindíssimo) autografado, e penso: sim, sou uma pessoa muito feliz. Isso não é uma idolatria qualquer a um artista, e sim um ponto simbólico de todo o ano de 2009.
Sim, eu me considero uma das pessoas mais felizes do mundo só por esse ano que passou.
Visitei 13 países europeus, vi um milhão e meio de obras de arte valiosíssimas, conversei com pessoas de diversos países de todo o mundo, participei de eventos da vida universitária francesa, senti o gostinho de como é morar (mesmo por apenas 3 meses) em La France, presenciei 3 estações diferentes em um clima temperado, fugi do pior do verão carioca e do carnaval, pude ver o Artur grande parte do 1º semestre, pude compartilhar com ele metade dos países visitados, degustei um turbilhão de culturas retalhadas, expandi meu mundo interior muitas e muitas vezes (cada lugar que você conhece, e cada experiência neles, torna-se uma parte de você), experimentei a alegria de passar no vestibular da universidade que você quer, compartilhei uma fase extremamente marcante da pessoa que amo (e vice-versa), passei por momentos maravilhosos a cada dia, descobri talentos adormecidos em mim mesma, adquiri muitos novos pontos de vista, senti grandes emoções que muita gente nunca sentiu.
Mesmo na volta ao Brasil, mais um admirável mundo novo estava para começar: a psicologia.
Vivenciei (finalmente) o que é a faculdade, conheci muitas pessoas novas maravilhosas, descobri a minha nova segunda casa - o IP, vivi momentos atrás de momentos que encrementaram o dia-a-dia com as maiores maravilhas... E no final, mesmo me isolando de qualquer coisa mundana que não envolvesse o Artur nas últimas duas semanas, fui tão feliz que nem tenho como agradecer a tudo o que aconteceu nesse melhor ano da minha vida...
E agora, 2010: verão vira inverno, e estarei de volta a La France!!
Feliz ano novo!!!
Fico aqui olhando para o recorte do Zach com a corneta, e "PercPan 2009" ao fundo, e depois virando para o lado e vendo o setlist (lindíssimo) autografado, e penso: sim, sou uma pessoa muito feliz. Isso não é uma idolatria qualquer a um artista, e sim um ponto simbólico de todo o ano de 2009.
Sim, eu me considero uma das pessoas mais felizes do mundo só por esse ano que passou.
Visitei 13 países europeus, vi um milhão e meio de obras de arte valiosíssimas, conversei com pessoas de diversos países de todo o mundo, participei de eventos da vida universitária francesa, senti o gostinho de como é morar (mesmo por apenas 3 meses) em La France, presenciei 3 estações diferentes em um clima temperado, fugi do pior do verão carioca e do carnaval, pude ver o Artur grande parte do 1º semestre, pude compartilhar com ele metade dos países visitados, degustei um turbilhão de culturas retalhadas, expandi meu mundo interior muitas e muitas vezes (cada lugar que você conhece, e cada experiência neles, torna-se uma parte de você), experimentei a alegria de passar no vestibular da universidade que você quer, compartilhei uma fase extremamente marcante da pessoa que amo (e vice-versa), passei por momentos maravilhosos a cada dia, descobri talentos adormecidos em mim mesma, adquiri muitos novos pontos de vista, senti grandes emoções que muita gente nunca sentiu.
Mesmo na volta ao Brasil, mais um admirável mundo novo estava para começar: a psicologia.
Vivenciei (finalmente) o que é a faculdade, conheci muitas pessoas novas maravilhosas, descobri a minha nova segunda casa - o IP, vivi momentos atrás de momentos que encrementaram o dia-a-dia com as maiores maravilhas... E no final, mesmo me isolando de qualquer coisa mundana que não envolvesse o Artur nas últimas duas semanas, fui tão feliz que nem tenho como agradecer a tudo o que aconteceu nesse melhor ano da minha vida...
E agora, 2010: verão vira inverno, e estarei de volta a La France!!
Feliz ano novo!!!
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