domingo, 15 de agosto de 2010
contra a maré do existir?
Líquido, inconsistente é o meu estado. A busca por algo extraordinário provou-se iniciar, colocando-se em voga apenas o exercício de uma coragem infantil, se sou capaz de desprender-me em direção a um novo mundo e à negação da repetição. O regresso fez-se dissolver qualquer sentido como a bile destrói os resíduos do cerne. A violência deu lugar ao gasto e macio familiar, atirando-me em confortável jaula, mas jaula não obstante. Sinto o ar escapar-me pelos feixes coloridos enquanto deixo-me sucumbir ao deleite daqueles braços, remexendo em meus antigos sonhos, como se congelados no tempo se preservassem estagnados, reclamando pela plenitude fantasiada por tantos, que antes culminava naquele mesmo toque, naquele mesmo calor, fervendo meu sangue e o presenteava com um sentido. A dor da perda pesa sobre mim, o apego a ressentimentos fantasmas alfineta-me a ponto de lacrimejar. Abraço minhas mágoas em luto ao padecer do sentimento, e pergunto-me se não passa de uma fase ou se o desespero parece-me deveras insuportável; ou mesmo se não seria viver o meramente suportável a mais angustiante forma de negação. A todo modo, algo eu ainda sentia, pois o sal ainda escorre pelas minhas bochechas, embora forçosamente. Ainda estava a salvo do existir, apesar de meu viver já ter começado a diluir.
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