quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Se eu morrer, não chore não, é só o mar
Apesar da enorme alegria com a qual me presenteia o morno lago, é necessário respingá-lo também nas chamas; desse modo o evaporar se expirará em catarse e renascerá, reluzindo como fênix em condensação, preenchendo os silêncios com o milagroso esplendor das gotas cristalinas, puras, e cunhando-se enfim novo lago. O tatear com o solo escaldante o fez pequeno mar, revolto e convulso, ondas caóticas que quebravam em si mesmas: contra isso meus olhos não são mais capazes de lutar, e penetram adentro de cada estremecer, deslumbrados pelo seu vigor. Contemplo o mar com cada milímetro de mim, fascinada com a vivacidade e a magnitude de suas ondas, num transe que unta-me ao som do quebrar. É o resplandecer do sacrifício, o cintilar da revolução, o resplandecer da morte e da vida. Sem esse mar eu não poderia mais viver, e muito menos morrer.
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