quarta-feira, 10 de novembro de 2010

com amor, zaratustra

veio até mim!
o meu destinatário secreto recebeu minha correspondência
sem saber que se destinava a ele
de um remetente desconhecido
agora com mais desrazão que nunca
ao deleitar-se no gozo de declarar-se
coberta por um lençol, em sussurros
mas mesmo assim vendo estrelas.

amar um só não faz mais sentido
há uma enchente sentimental vazando de mim
suplicando para sair e irrigar outros campos
germinar novas flores e novas vidas
começar um ecossistema vizinho, com tanta riqueza
estas expectativas me matam,
e matam aos poucos as pulsões que me dão a juventude
e desperdiçam vidas, massacram possibilidades
de novos atravessamentos paralelos.

novos amores são novas relações,
que são novos cultivos e partilhas
que urgem a disseminar-se pelos prados
e enfrentar novos monstros que me farão sofrer
e, portanto, viver.

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