quarta-feira, 1 de setembro de 2010

fazer novo amor (em queda livre)

Da atmosfera nebulosa da asfixia vou caindo, lenta e suavemente, de costas, em direção a um ar que evoca lembranças da essência de prado; fecho os olhos e assento-me ao vento floral que acaricia-me com minhas próprias madeixas. Respiro e vivo o momento de paz, e ao abraçá-lo sublima para mim o travesseiro espacial, mais macio e solene que nunca nesta nova vida: pelos ares transicionais aperto-lhe entre meus braços, germinando a chuva rala, pluma a pluma. O gotejar das felpes envolve meu novo ar numa convecção galaxial, assim como meus fios de cabelo formam magníficos caracóis na dança à queda livre.
Vôo como voam sacos plásticos ao vento, agarrada ao travesseiro como a um amante em tempo frio, pouso em qualquer coisa tão macia quanto o toque da sua fronha. Afundo e afundo no que parece a nuvem na qual uma vez já sonhei, já adormeci, já gemi, ao lado daquele tão querido amante, uma vaga lembrança preenche o espaço vazio da minha (agora visivelmente) cama.
Antigas fervilhas agora unem-se sob nova forma, como tanto pregava Zaratustra?
Pouco provável. Pelo menos tentam, mesmo que à sombra do passado.
O novo arranjo de feixes agrada-me, e sou capaz de apaixonar-me ainda mais uma vez, e enovelar uma nova história.

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