domingo, 27 de dezembro de 2009

so when you come back...

we'll have to make new love

e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo, e denovo

...

até a próxima vez

Colisão

te olho e te devoro
te beijo com os dedos e a palma das mãos
mordo as semi-covinhas e suspiro:
te amo com todo o meu fôlego
me embromo nos cachos,
o abraço com toda a minha força
e nunca mais o deixo sair.

me derreter em você
fazer-me em lava e te envolver
mas não te machucar, nunca
é meu quebra-cabeça
complexamente extraordinário.

enigma que se explora em constelações
de estrelas cadentes, idéias
valores e talentos em cargas elétricas
gestos finos e únicos em nuvens de nebulosas.
bem lá no fundo, anéis sentimentais
perceptíveis somente a viajantes daquele universo

eles sussurram (confidencial)
a poeira cósmica de emoções reage
ao mochileiro, imerso a sós
porque ele foi digno de chegar até ali.
há apenas conseqüência
entrar até aqui, por fim.

a casca de noz que cobre o recinto
continua agarrada, vorazmente
mais do que nunca
ao (antes) mochileiro
agora ele é onda daquele mar de particularidades
a colisão de universos já se deu -
cada estrela uma mania, cada astro um gosto
e naqueles anéis residem a memória
do viajante que nunca mais se vai.

desse abraço explodem humanidades
alvoroço complexo de sentimentos
de projeções, associações, valorações
que se unem em universo-filho
resultante
cada asteróide, galáxia, anel
peculiaridades, que juntas são fruto
da união atemporal.

tudo começou com um olhar.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

vou pra lá, não me encaixo
vou pra cá, me desfaço
e agora?

I have a re-current dream

I have a re-current dream
estou aqui, você ali

e cá você está agora
não, não vai
fica pra sempre
envolto a meu abraço
sinto(-me) sua
áurea
única
interceção
rodam, dançam
e todos vêm
e eu não sou só mais eu
:)

(sem) título

tudo
mas tudo, tudo
que eu quero
é tudo
é nada
quanto mais nada, mais tudo
mais nada
mas tudo.

vê?

ah!

ah!
ah ah ah
aaahh ahhh ah.

é o som que a corneta faz
o grito do elefante
claro, mas é claro!

L'hymne à l'amour

Balayés les amours...
Mes chagrins, mes plaisirs; Je n'ai plus besoin d'eux.

not!




Amo, logo existo
sou homus limbus
na borda, à margem, torta
gauche? talvez.
mas antes de tudo, bouche
vivo cada faísca humana
cada onda oscilante
em um sistema complexo de extremos.
abraço os meus erros,
me arremesso aos prazeres
e aos sofrimentos
com toda a minha psique
agarrada a mes souvenirs,
meus passados, meus futuros
sem nunca largar.
assim vou vivendo
vou amando, vou sofrendo
vou chorando, vou gargalhando
até minhas vísceras não se agüentarem mais.

suficiente?

Ter tudo, sentir tudo, ser tudo -
será o suficiente?

será a fórmula plena da felicidade a satisfação plena material e maternal; experenciar todos os sonhos alheios e mesmo os seus próprios, como uma cachoeira em queda d'água, com todas as suas forças, até doer; vestir um carnaval de personagens sociais, revolucionando passo a passo um novo palco?

creio que não.
tudo pode ser muito fantasioso, alusório, mas tudo depende do ator social.
suas respostas emocionais, a força de captação e estabilidade da sua ínsula anterior, o modo de encarar o seu hipocampo e o nível de poder controlador da sua amígdala...
uma única sombra pode colocar tudo abaixo.
uma desintegração,
uma desilusão,
uma desmotivação
.
.

por que não?
o desespero, às vezes, é mais forte que a auto-realização
a emoção, às vezes, é maior que o mundo pode suportar

alguns dirão: por que choras, mas não já tens tudo o que queres?
...


sim.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

I can't stop you

eu sei os sonhos que você sonha
eu sei os seus segredos mais profundos

é você que gosta contra a parede, possuída
é você que tem as luvas pretas
e o lençol branco
você é quem vai ser, fantasia.

eu serei ele e você vênus de milo;
se despe que eu te espero
da cintura pra cima, só as luvas
e os seios de deusa, pra mim

é isso que você quer, eu quero
eu puxo o seu cabelo e te faço tremer
eu me perco dentro do lençol
e você se perde toda pra mim

vem, tá na hora
não é errado, é pulsão, é deus, é eros;
não me pára; hoje ninguém te defende
você não tem braços
é essa noite que realizamos o sonho
eu sei os seus segredos mais profundos.

Dia perfeito

o soar das visões dela por entre lençóis brancos
transparentes
disparada, entrelaçada
correndo pela grama, maria

minha maria é minha
as jasmins ela apalpa e recolhe seu aroma
se esfrega, tentando se apoderar
para recordar.
recordar daquele dia do prado
das árvores de orvalho
carvalho
perdi um dente de alho?

agora não importa
porque maria é minha maria
é minha luz do dia
ilumina vidas, ilumina estrelas
avioleta o céu negro
o véu da noite
vira o véu de minha menina.

na atmosfera nos avoaçamos
só eu e maria
num balão percorremos
pedra da gávea, dois irmãos
por que não?

minha maria ri folhas do outono
canta sorvetes do verão
por que não?
...sie liebe ditch
é o que diz os letreiros de fumaça
é o que toca seus lábios porpurinados

essa é minha maria
nuvem, estrela, planeta, lua, galáxia, universo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

There she goes again

There she goes again...
Com aquele olhar assassino dela
Com aquele semi-cerrar matador
Atirando em todos que passam.
Um por um, eles caem
A cada centímetro que a sobrancelha (esquerda) levanta.
Ela assopra o cano, abre um semi sorriso
E laça a mulher atraente,
Que é devorada por um ávido desejo.
O duelo agora é entre elas,
Ardentes criaturas do ímpeto
Afoguem-se em tentáculos de luxúria!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A doença do se entregar

É, diz após dia,
ano após ano,
continuo persistindo no se entregar.

Repudiei os medicamentos
não apliquei vacinas
até recuso o soro remediador.
E por quê?

Talvez eu goste da dor,
do gelado atravessando o calor
talvez eu esteja sempre a me martelar
e o procuro; me jogando aos seus pés
de novo e de novo
até você me golpear como eu gosto.

Para alguns,
é trocar ar quente pela brisa fria
conforto por mudança
centelhas por árvores.
Quanto a mim,
nunca estive mais em casa
do que no abraço daquele que me rejeita.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Do que vai, o que fica.

Não, nunca esquecerei. O céu de lua cheia que sorria para nós, debruçados sobre a areia; o som das ondas quebrando que preenchia o momento, que falava por si próprio. Duas almas que se entregaram à união cósmica do sentimento mais puro, sem medos, sem convenções. Naquela noite se amaram como ninguém mais. Ele era único, o dono de todas as euforias virgens apaixonadas que transbordavam daquela menina; aquele presente em todos os sonhos, todos os planos e todas as aspirações adormecidas. Da fusão originou um mundo secreto feito de retalhos. Retalhos esses ora de confissões sussurradas por telefone, ora de pôr-do-sol perdidos, ora de pensamentos vagos no escuro. O mar de diamantes nos levava para longe; longe de qualquer opressão, de qualquer pesadelo. Lá estávamos nós, só nós, vestidos de sonhos, de mãos dadas, à espera da eternidade.
Essa imagem do sentimento permanescerá encrostada em minha alma; escondida em seu quarto especial dentro de mim.

Feliz é a inocente vestal.
Brilho eterno de uma mente...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Ninguém dorme no céu. Ninguém, ninguém.
Não dorme ninguém. As criaturas da lua cheiram e rondam as choupanas.
Virão iguanas vivas morder os homens que não sonham
e o que foge com o coração partido encontrará pelas esquinas
o incrível crocodilo imóvel sob o froixo protestos dos astros. (...)
A vida não é sonho. Alerta! Alerta! Alerta!

(LORCA, Frederico García. "Cidade sem sono")

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Fecho os Olhos

Fecho os olhos para as obrigações quando me entristeço.
Fecho os olhos para a política quando me desaponto.
Fecho os olhos para a guerra quando me desamparo.
Fecho os olhos para o futuro quando me amedronto.
Fecho os olhos para as conseqüências quando me acelero.
Fecho os olhos para o caos quando me reinvento.
Fecho os olhos para os outros quando me transpasso.
Fecho os olhos para a crítica quando me sensibilizo.
Fecho os olhos para a sensibilidade quando me critico.
Fecho os olhos para a vida quando me castigo.
Fecho os olhos para o castigo quando me vitalizo.
Fecho os olhos para o amor quando me engano.
Fecho os olhos para os enganos quando me amo.
Fecho. Olho. Fecho.
Fecho.

(Shirin Neshat - The Stripped)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Transição selvageria pacífica / barbárie predatória

Thorstein Veblen
Teoria da Classe Ociosa


Cap. I


As classes altas ocupam as funções meramente honoríficas da sociedade. Elas se excluem terminantemente de funções industriais, pois estas estão reservadas às classes inferiores, as quais, inicialmente, se incluíam escravos e mulheres. Essas ocupações da classe ociosa se subdividem em governamentais, guerreiras, religiosas e esportivas, qualquer atividade a mais iria contra o bom senso ou os costumes da comunidade.
As funções da classe mais baixa podem apresentar uma hierarquia à medida que a ocupação remeta mais ou menos diretamente às funções da classe ociosa, como a fabricação e cuidado de armas e objetos sagrados.
Os diferentes níveis hierárquicos da divisão do trabalho dizem respeito às fazes econômicas em que uma sociedade se encontra. À medida que as diferenciações são concretizadas e o trabalho se especializa, a linha entre funções industriais e não-industriais se define mais acentuadamente.
Em uma cultura mais “avançada” nesse quesito, apresenta-se também um caráter de competição e de inferioridade entre os sexos: o homem geralmente é dispensado das tarefas industriais, por participar mais ativamente de atividades como a guerra, que exige força e disposição à agressão – seu esforço não se equiparia ao trabalho rotineiro e não-digno feminino. As funções dignas são as não-servis, não-cotidianas.
Em culturas mais “primitivas”, pode-se observar uma diminuição ou mesmo ausência de hierarquias no grupo. A eficiência de um membro se dá pelo trabalho mais útil à comunidade, e a emulação é no serviço industrial. Seu sistema econômico não apresenta a propriedade individual como traço dominante. Muitas vezes isto é resultado de um retrocesso de um estágio mais avançado. Essa postura mais pacífica, todavia, torna a comunidade mais propensa a ataques agressivos.
Nesta transição da selvageria (“primitiva”) para a barbárie (“avançada”) deu-se início a instituição da classe ociosa. O que concretizou isto foi a adoção do modo de vida predatório – pois a força e o troféu (presa) passam a ser elemento de proeza – e a subsistência de modo a uma parte do grupo não precisar realizar grande esforço.
Vale ressaltar que o fundamento da discriminação se modifica de acordo com o interesse. Nos estágios primários o interesse era coletivo e, portanto, a proeza individual se concentrava nas tarefas cotidianas, para a sobrevivência da comunidade. Muda o fim e, com ele, o ponto de vista dominante, quando a cultura evolui. O senso comum gradualmente incorpora novos padrões com o tempo e deteriora antigos aos poucos.
Hoje (época do livro), para o senso comum, o esforço é industrial quando seu fim último é a utilização de objetos não-humanos, por meio da exploração do meio não-humano. É o conceito de domínio industrial sobre a natureza, que limita o homem da criação bruta. Outrora a relação de conflito se dava pelo homem e seu alimento, e, nos tempos modernos, por o que é animado e o que é inerte.
Tudo que é ativo e animado, na mentalidade bárbara, se equipara ao humano, com o qual ele lida de forma e de eficiência diferentes do que com o que é inerte: tais fenômenos defrontados, quando bem-sucedidos, são encarados como atividade digna e acima do comum.
Desse modo, o bárbaro se divide em classe da proeza – utilidades para seus próprios fins de energia – e classe da indústria – criação a partir da matéria bruta que lhe é dada e, portanto, menos digna. Essa distinção é reforçada principalmente quando se entra em contato com outros grupos.
Este habitat bárbaro, concentrado na força (caça a grandes animais, etc.), exige um maior contato com as virtudes masculinas, e desse modo se enraíza um processo cumulativo de adaptação seletiva: a função da mulher passa a ser “moldar” a matéria, na qual não há afirmação da força de forma vil, e a do homem, massacrar os concorrentes refratários, o que cabe à sua violência, sua natureza de agente. Daí se reforça o conceito de valia e honra.
Esta essência agente tem por objetivo um fim último, impessoal, que busca através de uma ação eficaz e com o menos esforço fútil ou desperdício. Isto pode ser denominado de “instinto de artesanato”. Entretanto, quando se insere no contexto uma comparação entre indivíduos, o resultado sempre será de luta, de demonstração competitiva de força. Este estímulo à emulação da sociedade predatória faz com que o fim último seja desviado para o sucesso por si próprio, e quem o obtém é prestigiado. Da mesma forma, quem não o obtém e se reduz ao trabalho industrial adquire caráter negativo. O trabalho prestado a outro implica na obtenção de bens que não se é dono, que não se “mereceu”.
A competição é a forma mais aceita de auto-afirmação pelo grupo, e a vitória – o ato honorífico reconhecido – se prova pela posse de troféus. Estes podem ser artigos prestigiosos, de maior custo. Logo, a sociedade atinge um estágio no qual a guerra não só é aceita, mas característica. A luta é inerente à história social humana, já que mesmo nas culturas mais “primitivas” e pacíficas havia uma competição entre sexos, mas é questionável o hábito de julgar os fatos sob o padrão da luta.
A diferença espiritual na transição entre a fase pacífica e a predatória coincidiu com o desenvolvimento industrial para além da subsistência, principalmente no uso de instrumentos. Nisso, havia agora uma margem pela qual se podia lutar. Daí desenvolve-se uma série de facilitações para a implantação do hábito predatório, como regras e normas que favorecem este modo.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Emulação Pecuniária

Thorstein Veblen
Teoria da Classe Ociosa


Cap. II

Anteriormente à vida predatória, a proeza de um homem era tida como do grupo, e ele era apenas guardião da honra coletiva.
Quando a noção de propriedade em si, especialmente a individual – e a idéia do direito a tal –, surge no pensamento social humano, a classe ociosa se desenvolve paralelamente.
Esta divisão se deu, inicialmente, pela divisão do trabalho por sexos; a propriedade, por sua vez, se expressou de forma clara através da posse da mulher pelo homem. Esta posse foi associada a um troféu pela tomada violenta da mulher do inimigo – “casamento-propriedade”, sob chefia masculina. Essa noção de posse se estendeu à escravidão de modo geral e, mais tarde, a objetos, produtos de sua indústria – o sistema de propriedade sobre bens.
Uma vez instalado este sistema, começa a luta entre homens pela posse de bens, que vai além da necessidade de subsistência. Ao mesmo tempo, a indústria evolui de maneira cada vez mais eficiente, o que faz com que a comunidade crie um excedente de riquezas. Desse modo, a competição se agrava e é almejado o aumento de conforto individual. Além disso, há o componente coletivo na motivação para a aquisição de riqueza: busca-se a honra da posse propriamente dita, que destaca superiormente o dono do resto da comunidade – desenvolve-se a comparação odiosa dentro do grupo.
A propriedade, por conseguinte, se torna prova de sucesso pessoal. Através da busca por essa emulação, a acumulação de bens ocupa o lugar dos troféus predatórios como índice de estima. Desde que o indivíduo seja dono dos objetos que porta, independentemente de terem sido adquiridos por mérito próprio ou herança – esta última sugere ainda mais status pelo fato de obter riqueza sem esforço –, ele é digno de honra se estes se sobrepõem às posses dos outros membros. Ele receberá respeito da comunidade. Os demais, por sua vez, sentem sua auto-estima ferida ao deparar-se com uma coleção pessoal que se equipara apenas com o parâmetro do comum. Portanto, a propriedade também se torna requisito de respeito próprio, pois a auto-satisfação está intimamente relacionada com a sua estima avaliada pelo grupo, cujo critério é material.
A manifestação da força persiste no critério popular de eficiência predatória pelo hábito de pensamento. Porém, sua freqüência diminui consideravelmente, já que o conceito de posição social privilegiada está associado com a ausência ou diminuição de esforço físico.
Apesar de a aquisição material ter a capacidade de elevar o status de um sujeito, não há um padrão de suficiência preciso para tal. Ou seja, por mais que ele acumule, ele se acostumará com a riqueza e a satisfação por meio desta cessa. Desse modo, ele tende a aumentar a mesma, o que produzirá um novo critério de suficiência e novos parâmetros do normal – nova classificação pecuniária perante os outros membros. Assim, o desejo pela acumulação nunca se extingue, assim como as necessidades individuais, pois estas se baseiam no sobrepujar de um em relação aos demais.
Alcançado este nível da emulação, o poder obtido através da riqueza se torna por si só motivo para a acumulação mais intensa desta. Paralelamente, o repúdio à atividade fútil ainda revigora, e a aquisição de bens permanece a maneira mais fácil de obter estima social. Nisso, as auto-estimas dos indivíduos entram cada vez mais em colisão, fazendo com que o instinto de artesanato, de realização de ações pecuniárias, se apóie na emulação invejosa de um em relação a outros. O sucesso, portanto, se torna o fim último de todas as ações.

sábado, 21 de novembro de 2009

(312) dias

Será que é isso mesmo?

Há dias que significam meses, há os que significam horas; muitas vezes aqueles parecem minutos e estes, anos, depois que já passaram. Nos momentos, entretanto, dos primeiros, o tempo parece congelar.

O tempo é relativo, sim.

"...Deste modo o tempo perdeu seu caráter absoluto e foi classificado como uma grandeza algebricamente (quase) equivalente às coordenadas "espaciais"; o caráter absoluto do tempo e em particular da simultaneidade foi derrubado e a descrição quadridimensional introduzida como a única adequada." (EINSTEIN, A. Física e Realidade. Rev. Bras. Ensino Fís. vol.28 no.1, SP: 2006)

E não só na física, já que tudo está interligado.
O tempo individual é imensurável. Toda a percepção pessoal, todo o processo de atribuir significado a fatos, sentimentos, ações, julgamentos, raciocínios, impressões, etc. é absolutamente impossível de se encaixar em sintonia com o coletivo em um sistema de meses e anos, muito menos de horas e minutos. É uma característica humana que todos parecem esquecer, só porque não convém produtivamente à vida em sociedade.
Eu digo para de vez em quando congelarmos o nosso tempo e saborear certos momentos que deveriam ser vividos, considerando o calendário artificial, por semanas...

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Portrait of an ISFJ

The Nurturer

As an ISFJ, your primary mode of living is focused internally, where you takes things in via your five senses in a literal, concrete fashion. Your secondary mode is external, where you deal with things according to how you feel about them, or how they fit into your personal value system.
ISFJs live in a world that is concrete and kind. They are truly warm and kind-hearted, and want to believe the best of people. They value harmony and cooperation, and are likely to be very sensitive to other people's feelings. People value the ISFJ for their consideration and awareness, and their ability to bring out the best in others by their firm desire to believe the best.
ISFJs have a rich inner world that is not usually obvious to observers. They constantly take in information about people and situations that is personally important to them, and store it away. This tremendous store of information is usually startlingly accurate, because the ISFJ has an exceptional memory about things that are important to their value systems. It would not be uncommon for the ISFJ to remember a particular facial expression or conversation in precise detail years after the event occured, if the situation made an impression on the ISFJ.
ISFJs have a very clear idea of the way things should be, which they strive to attain. They value security and kindness, and respect traditions and laws. They tend to believe that existing systems are there because they work. Therefore, they're not likely to buy into doing things in a new way, unless they're shown in a concrete way why its better than the established method.
ISFJs learn best by doing, rather than by reading about something in a book, or applying theory. For this reason, they are not likely to be found in fields which require a lot of conceptual analysis or theory. They value practical application. Traditional methods of higher education, which require a lot of theorizing and abstraction, are likely to be a chore for the ISFJ. The ISFJ learns a task best by being shown its practical application. Once the task is learned, and its practical importance is understood, the ISFJ will faithfully and tirelessly carry through the task to completion. The ISFJ is extremely dependable.
The ISFJ has an extremely well-developed sense of space, function, and aesthetic appeal. For that reason, they're likely to have beautifully furnished, functional homes. They make extremely good interior decorators. This special ability, combined with their sensitivity to other's feelings and desires, makes them very likely to be great gift-givers - finding the right gift which will be truly appreciated by the recipient.
More so than other types, ISFJs are extremely aware of their own internal feelings, as well as other people's feelings. They do not usually express their own feelings, keeping things inside. If they are negative feelings, they may build up inside the ISFJ until they turn into firm judgments against individuals which are difficult to unseed, once set. Many ISFJs learn to express themselves, and find outlets for their powerful emotions.
Just as the ISFJ is not likely to express their feelings, they are also not likely to let on that they know how others are feeling. However, they will speak up when they feel another individual really needs help, and in such cases they can truly help others become aware of their feelings.
The ISFJ feels a strong sense of responsibility and duty. They take their responsibilities very seriously, and can be counted on to follow through. For this reason, people naturally tend to rely on them. The ISFJ has a difficult time saying "no" when asked to do something, and may become over-burdened. In such cases, the ISFJ does not usually express their difficulties to others, because they intensely dislike conflict, and because they tend to place other people's needs over their own. The ISFJ needs to learn to identify, value, and express their own needs, if they wish to avoid becoming over-worked and taken for granted.
ISFJs need positive feedback from others. In the absence of positive feedback, or in the face of criticism, the ISFJ gets discouraged, and may even become depressed. When down on themselves or under great stress, the ISFJ begins to imagine all of the things that might go critically wrong in their life. They have strong feelings of inadequacy, and become convinced that "everything is all wrong", or "I can't do anything right".
The ISFJ is warm, generous, and dependable. They have many special gifts to offer, in their sensitivity to others, and their strong ability to keep things running smoothly. They need to remember to not be overly critical of themselves, and to give themselves some of the warmth and love which they freely dispense to others.


Jungian functional preference ordering:

Dominant: Introverted Sensing
Auxilliary: Extraverted Feeling
Tertiary: Introverted Thinking
Inferior: Extraverted Intuition



DO THE PERSONALITY TEST:
http://www.humanmetrics.com/cgi-win/jtypes2.asp

Moinho

sorrow drips into your heart
through a pin hole
just like a faucet that leaks
and there's confort in the sound.

.
.
Apatia? Não é verdade. É mais um sentimento de vácuo em meio a uma excessiva fullness. Desencaixe constante, não só em relação às pressões da vida produtiva de metrópole mas também da social. Mesmo sendo privilegiados, ainda temos que manter a imagem de auto-satisfação. Quando aparecem situações que demandam iniciativa e você é a única pessoa que a tem, o desgaste aumenta demais. Não sou triste, porque não existe "ser" triste ou feliz, mas há um quê de queijo suíço nessa vidinha zona sul. Acho que muitas pessoas têm tempo demais nas mãos às vezes, e por algum instinto azedo decidem ocupá-lo criticando outras. Além da superficialidade óbvia desse passatempo, não é assim que os buracos diminuirão - muito pelo contrário... Diversas vezes, em meio a esse vício alheio, torna-se muito difícil encontrar alguém disposto a realmente ouvir, sem um gravador interno para apertar repeat em meio a outros. O número é infinitamente desproporcional à necessidade de expressão pessoal, de desabafo. O que aconteceu com a amizade pura e simplesmente cooperativa?
Quando chega a hora que você sente vontade, você pega o telefone e procura em sua mente nomes para ligar. O que acontece é que você não encontra pessoas que estariam dispostas a te ouvir de graça, e mais da metade das vezes acaba devolvendo o telefone à base... mais uma vez.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Como envelhece quando você não está.

A borboleta que brotou do casulo
Tem a asa rasgada.
Vai em cada flor, cada arbusto
Cadê o pedaço que me falta?

Escondido no leque multicores,
No subconsciente de todas as formas,
Na essência de tudo no que ela pisa - e degusta.
O pólen pode ser doce
Mas ela prefere voar melhor.
E como ela pode lançar o vôo
Se a marselhesa não a deixa?
Ela procura, bate as asas com esforço
Através do universo de pétalas e pétalas
Mas nada mudará seu mundo.

Um milhão de sorrisos, uma onda de felicidade
A arrastam para distraí-la
Pela chuva, estrelas cadentes, poeira cósmica
E ainda está lá a borboleta
Com toda a esperança, ela procura
À espera do encaixe dos sonhos.

Tons de verde e violeta dançam
No festival da aurora boreal
Em meio a geadas e cristais de neve
E ainda está lá a borboleta
Com toda a esperança, ela procura
À espera do encaixe dos sonhos.

Primavera chegou
O canteiro sorri para ela
Diz: "olha, olha o desabrochar"
E a borboleta passa reto, distraída
Ele grita: "quê que foi, quê que há?"
E ela nem ouve
Com toda a esperança, ela procura
À espera do encaixe dos sonhos.

Um dia veio à borboleta:
E se eu perguntasse ao louva-deus?
Ela implorou, por favor, senhor
Me mostre o caminho de tijolos amarelos.
Ele desobstruiu o arbusto e falou:
Minha cara, você não tem que ir universo a fora
E sim universo a dentro.
Borboleta então voltou cabisbaixa
E continuou sua missão.

Agora ela olhava para si
Abriu o terceiro olho e as asas
Sentiu a ventania aumentar, e um navio à vista
As folhas fizeram uma roda e dançaram,
Subindo ao céu em espiral.
Borboleta então desejou seu pedaço de asa
Do céu, descendo para ela...
E o gongo dos dois anos soou.

Um oi circulou borboleta na ventania
E seus olhos não acreditavam no que via.
Era ele, o pedaço da sua asa
Que a abandonara e nunca mais vira!
Borboleta o sufocou em seu ninho
E falou: "nunca mais te deixo sair".
O pedaço respondeu: mas borboleta,
Não vê que por causa dessa liberdade
É que nos pertencemos pra toda a eternidade?

Your heart is a hotel room

Confia em mim? Quando estamos à mercê das nebulosas e da chuva de cometas, envolvidos por anéis de galáxias, de mãos dadas; Quando nossos dedos se entrelaçam em uma força de unção cósmica; Quando somos só nós no espaço, ou talvez só um; Quando nossos olhos se beijam, e uma força sentimental vai de encontro à outra; Quando dois caminhos convergem em energia; Quando um sabe o sentido da vida; Quando todo o "ao redor" não existe; Quando se faz parte de uma existência muito maior, que gira; Quando se está tão unido e também a anos luz de distância...

Confia em mim?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Canção do almejado exílio

Imagine-se em um pônei de tecido e botões,
Com um rio de celofane e céus de nescau
Você liga para alguém, tropeça nas palavras
São os olhos azuis tocando corneta.
O verde-e-amarelo de papel reciclado
Rasgando sobre a sua cabeça
Procure o sonhador que acreditava no futuro
E ele já foi.
Siga-o pela Avenida Brasil perto das pinturas
Onde pessoas lêem "Gentileza Gera Gentileza"
Todos sorriem enquanto driblam as balas
Que passam tão incrivelmente perto.
Barcos de mandalas aparecem então
Prontos para zarpar para o norte
Entre, deite, e sonhe com uma qualidade de vida
E você já foi.
Imagine-se em um trem em uma estação,
Com poltronas macias e limpeza impecável
De repente alguém aparece e te pede a mão,
São os olhos azuis com a corneta de lado.
Debs no céu com um diamante!

domingo, 15 de novembro de 2009

Aconteceu em Woodstock

Woodstock '69.



Saudades de uma época que não se viveu: é possível?

Possível é idealizar uma década, um momento em uma imagem límpida de perfeição, de equilíbrio, e desejar vivê-la. É isso que sinto ao ler e assistir às mídias dos anos 60 fora do Brasil.
Sorte é ter realmente compartilhado com outros aquela ideologia de liberdade, além da teoria, em qualquer época (mas suponho que, naquela, mais pessoas o fizeram).

Expressar a sua essência humana tão livremente, unido a uma multidão pelos ideais e pelo rock...

Viver com somente o necessário no quesito material, dormir aonde der, cozinhar para todo mundo, cada um faz a sua parte...

E hoje?

Hoje a comunidade é diferente. Mesmo aqueles que tentam reviver a época que nunca viveram, questionando a sociedade áspera e sutilmente megacompetitiva moderna, se deixam levar pela onda de crânios ocos isolados, sem esqueleto ou neurônios espelho.

É raro se sentir unido hoje em dia. Unido de verdade, como quando você é a outra e a outra é você. Há um jogo de retalhamentos de corações, porém nenhuma forma uma interceção - quando forma, ergue-se também uma parede para demarcar o território. Cada um, ao longo da vida, deixa um pedaço de si no outro... mas por que isso é arruinado com a posse?

O amor pode ser expressado de diversas maneiras, e uma das mais naturais é pelo corpo. Tocar-se é exprimir carinho que surgiu naquele momento; não importa o sexo, idade, aparência, visão política, etc... Tudo é cheio de amor. Por que não sentir isso a cada entrada no mundo de outro alguém querido?

Digo porque: Sartre estava certo. A sociedade é a prisão do homem, e o homem não vive fora de sociedade. O paradoxo primordial da existência humana. O homem faz regras dentro da sua própria liberdade, pois há a liberdade do outro próximo a ele. As regras podem ser traçadas visando um bem comum a todos ou ao bem de um determinado grupo de pessoas. A única forma de conviver com o paradoxo é com a cooperação. Com o jogo de dar e receber, todos saem beneficiados, mesmo que agora você necessite reduzir sua liberdade pessoal para aumentar a do outro - em outros momentos, a situação se inverterá.

Por que somos incapazes de viver em cooperação? Segundo Thorstein Veblen, por causa do nosso estilo de vida predatório, que desperta um sentimento de competição entre nós que nos consome por inteiro. Mas, para ele, as culturas que não passaram pela Revolução Neolítica ainda estão em um estágio de comunidade fraterna, sem a noção de um membro contra o outro, ou que um se sobrepõe a outro em qualquer modalidade. Ou seja, talvez, um dia, em um período muito muito curto da história, já tivemos este pensamento que soluciona o paradoxo da vida humana.

A partir da adoção da vida predatória, passamos a desenvolver, segundo Konrad Lorenz, 3 princípios animais:

1) Princípio da liderança - que se dá pela força (líder = mais forte); se impõe pela violência.

2) Princípio da territorialidade - proteção e demarcação do território da comunidade; e território pessoal dentro do grupo (hierarquia demarca linhas invisíveis).

3) Princípio da exclusividade de tipo - quando nasce um indivíduo fenotipicamente diferente do resto do grupo, a tendência é a exclusão ou eliminação do mesmo (neofobia).

A diferença marcante, que faz o ser humano ter um pingo de esperança para atingirmos o "retrocesso" do pensamento cooperativo, é que nós temos a capacidade de processar raciocínios, e enxergar todas estas condições - e, portanto, controlá-las para um bem comum.

Isso somente acontecerá (se não fizermos pressão) no dia em que estaremos próximos do fim do mundo ou de alguma situação tão drástica assim, como a mudança climática global: quando a sobrevivência se sobrepôr à ganância e ao individualismo pelo qual o ocidente tanto preza.

Deveríamos utilizar este "novo" caráter competitivo do homem para alcalçar esta meta mundial de paz: coloquemos em jogo o Woodstock.

Quem reunir o maior número de pessoas pela paz vence;

Quem trouxer mais felicidade para o maior número de pessoas vence mais ainda;

Quem divulgar mais amplamente essa felicidade para o mundo, e mostrar o quão melhor somos vivendo desta maneira, vence o melhor prêmio de todos: a paz.

Ao infinito, e além!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Bom dia, vida!

Otto mundane...

Afinal, o que é mais maravilhoso do que um dia após o outro?
A sensação de vida é a mais insubstituível que existe. Ah, vibração que emerge de nós todos, de dentro da nossa carne, flesh, como um vulcão Wroclai de cargas elétricas estimulantes, magia e motivação! Mesmo que com o pico cheio de neve de tempos em tempos, se estamos vivos ele se reativa. É como tudo que temos: há fases. Inverno, primavera, verão, outono... podem ocorrer linearmente, ao mesmo tempo ou em pipocamentos; nas mais variadas intensidades e formas! Quer mais o quê?

Quando a geada chega, em flocos ou granizo, ou mesmo chuva grossa, o que fazer? Lembrar-se que ainda há vida lá dentro; ainda há a lava de energia que quer sair. Parar, sentar e escutar o borbulhar: sim, ele bate forte. Por mais rigoroso seja o seu inverno, de dentro ainda gritam rios vermelhos de esperança, que pulsam em divergência, para abrir o que foi obstruído. Você está vivo, você é humano, você pulsa, você ama.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Até o próximo sonho

E lá estavam, os dois amantes, quase na hora de partir.
Nus, abraçavam-se um contra o outro, forte, sob a chuva salgada, no centro do quarto.
"Pelo menos pude sentir seu corpo todo pela última vez", alguém disse.
Invadiu a casa o espírito das últimas vezes.
O último almoço em família, último sorriso infantil do bolo com sorvete, última corrida sem roupa do banho para o quarto.
Do elevador ao aeroporto, tudo parecia se desmoronar, ao longo do caminho que o carro traçava.
O Pão-de-Açúcar e o Corcovado acenavam: "até nunca mais".
A menina não tirava o rosto das mechas cacheadas dele - e se elas fugissem?
Embarque. Não há mais como adiar.
O último abraço. "Não é o fim".
A tentativa de guardar a sensação do abraço para sempre, cada toque, o aroma.

Até o próximo sonho.

Sinapse do Caos

De repente, durante o banho, aquela pontada a atinge de novo.
Sofia sente-se morta por dentro, rodeada por mentiras de algodão-doce, que pulsam; a fantasia se dá como um sonho acordado - sorrisos degeneram-se na sua frente, e as cores vivas se perdem em névoa. Ela tateia a ilusão, mas o que ela procura não está pintado lá. O que ela precisa está como que uma estrela no céu negro. Ela corre, mas tropeça; agarrada na toalha, grita. Não sabe se por socorro ou para aquela luz distante. O vazio a toma mais uma vez, como que por completo, em desespero. Nua em realidade e em alucinação, ela vasculha seus sonhos internos, em busca de uma centelha de magia. Mas só encontra cinzas. Se sente fortemente arrastada por algo, como se a desenrolasse, fio a fio. Vê seus pedaços roubados juntos em uma bola de lã; e cobre o rosto com sofrimento. Desvia o olhar para o fundo sem cor, e reza para não-sabe-o-quê. As lágrimas escorrem, mas não há nada a fazer.
Acorda, enfim, com a temperatura da água corrente, ainda agarrada em sua toalha. Soluça, e esfrega seus olhos inchados com descrença. Move a torneira, desligando o chuveiro, se seca e envolve a toalha em seu corpo úmido. Em seguida, se senta, com os cotovelos na coxa e as mãos no rosto, e pensa: quando isso vai acabar?

Dança da vida... (all is full of love)

Ao som da flauta, estavam todos mergulhados naquele tudo-azul; cada um com seus corações nas mãos, entrando em si, e ao mesmo tempo unidos. Unidos por uns fios invisíveis e pegajosos, que nos fazia aproximar. Em seguida, o festival de abraços não poderia ser mais natural. Um estendeu a mão, o outro abriu os braços: simples assim, tão sincero, tão cheio de amor. Dois desconhecidos compartilharam o abraço mais apertado e mais sincero desde muito tempo. A sala emanava amor, respirava-se o amor na pele, nos sorrisos e nos olhares. A rede de amor se formou, fazendo cair lágrimas e mais lágrimas, pela sensação de não estar mais sozinho.
Não foi preciso muito tempo até darmos as mãos, em círculo. Cada um olhava para o grupo, e sorria com todo o corpo; alguns até com os olhos transbordados. Éramos um. A música começou a tocar: A roda girava, em meio a risos e sambas, cantar e cantar e cantar, e eu não poderia estar mais feliz. Olhei para todos, e flashes da época da inocência me vieram; aquela em que estendíamos nossos corações, em que não fazia sentido desconfiar, e que dizíamos sim. Pela primeira vez em muitos anos, não estava mais sozinha. Não havia mais incerteza nenhuma. Ficamos com a pureza da resposta das crianças - é a vida, é bonita e é bonita!

Bolha

Em meio a uma sopa de alegria, magia e perfeição...
Há uma bolha.
Ela enche a cada dia não preenchido.
Está escondida, afogada pela onda de distrações
Porém, ninguém pode negar que está ali.
A boemia não a satisfaz
Tampouco as pessoas que entram e saem.
O vazio continua vazio;
A fôrma que ali jaz ridiculariza
Cada um que tenta encaixar em seus pés
Ela olha, ri e comenta (com a amígdala):
"Quem ela quer enganar?"
Tenta-se, com a ativação do hipotálamo -
Inútil.
Os recalques continuam crescendo,
Fazendo amizades,
Criando ninhos:
Preparam o ambiente perfeito
Para a nutrição da bolha.
E agora?

Life seems unreal, can we go back to your place?

Ela olhou para ele, e, pela primeira vez, o viu. O viu por inteiro. Antes daquele momento, a face gélida que havia naquele homem ficara completamente intacta no fundo do vidro, como que decantado pelos olhos apaixonados. Seu maior temor acerca das pessoas com quem se envolvia, quaisquer tipos de relacionamento que fosse, era o de ser menos necessária do que necessitada. O simples pairar desta idéia sempre lhe causava calafrios, e era preciso que ela se utilizasse de uma espécie de cilício imaginário para fazê-lo parar. Agora este terrível receio se tornara, de fato, realidade. Não duvidava por um segundo, todavia, dos sentimentos do amado. Conseguia perceber o seu amor através dos mínimos gestos - a maneira com que ele a abraçara por trás enquanto a ajudava a lavar a louça, o sorriso sincero que abria após uma das graças singulares dela, as implicâncias seguidas de um beijo apertado contra a bochecha. Então por que sofria tanto? Talvez pelo medo de o que sentia ser maior do que ele pudesse retribuir; de que sua maneira de amar o pudesse atrapalhar, ou pior, sufocá-lo; de que, um dia, seu objeto de afeição se cansasse de lidar com uma alma tão sentimentalmente complexa. Estava na sua essência, não podia evitar. Uma menina tão sensível como aquela costuma ter suas emoções multiplicadas em todos os níveis e seções: paixão, entusiasmo, saudade, remorso, vigor, frustração, vergonha, prazer, alegria, tristeza. Por conseguinte, o medo, grande inimigo dos corações inseguros, é transformado em pavor. Todas as suposições à parte, o que realmente se passava na cabeça de Sofia era a amarga sensação de que aquilo não duraria para sempre.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Rascunho: sexualidade e neurociência

A sexualidade, por uma questão de amadurecimento cerebral e hormônios, é despertada na adolescência pela sensibilização de neurônios, estimulada pelo estrogênio e testosterona.A influência dos genes e hormônios é fundamental para o interesse sexual, seja ele qual for, da formação de algumas áreas do cérebro. Estas determinarão mais tarde a preferência sexual, depois de amadurecidas na adolescência, pelo sexo composto na maioria das pessoas ou pelo mesmo sexo em algumas . Logo se esse caminho se revela na adolescência, mas já vêm desde a gestação, ele apenas é descoberto.
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. "O cérebro em transformação" (2005).


RASTRO SEXUAL
O comportamento [sexual] desencadeado depende radicalmente de como essa região [hipotálamo] é ativada. O hipotálamo dos homens heterossesuais responde fortemente ao feromônio feminino EST (estra-1,3,5(10),16-tetrae-3-nol), um derivado do hormônio estrogênio. A mesma região do cérebro das mulheres heterossexuais reage ao feromônio masculino AND (4,16-androestadie-3-nona), que deriva dos hormônios sexuais masculinos. Como era de se esperar, o AND aumenta a excitação das mulheres e diminui a dos homens quando ambos são heterossexuais.
(...)
SEXO 'ERRADO'
Até algo tão fundamental como sentir-se homem ou mulher parece ser determinado pela biologia do cérebro. Ao examinar, em 2000, um grupo de 42 pessoas composto de homens e mulheres hétero, homo e transexuais, pesquisadores holandeses observaram um número duas vezes maior de neurônios no núcleo BST da via vomeronasal [receptor de feromônios ligado ao desencadeamento de reações fisiológicas no comportamento sexual] nas pessoas que se identificavam como homens em comparação às que se identificavam como mulheres - independentemente do sexo biológico, da preferência sexual e do fato de terem sido ou não tratadas com hormônios sexuais.
IDEM. "Entre iguais" (Revista Mente e Cérebro, Edição Especial nº 10 - 'A Trégua dos Sexos').

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Cada um no seu quadrado

No que se refere ao ceticismo característico da pós-modernidade, pode-se observar suas conseqüências claramente no dia-a-dia dos jovens ao nosso redor. O individualismo crescente, junto com a ascensão da automação e aos numerosos sites de relacionamento, faz da presença humana algo descartável.
O compartilhamento de intersubjetividades humanas agora podem ser realizados online, sem a menor necessidade do contato face a face. Em paralelo, é possível realizar um afazer que antes era feito pela comunicação cliente-atendente por uma máquina. Finalmente, para compensar este desmembramento social resultante, as pessoas não podem dizer que estão isoladas das relações sociais: todas estão ligadas pela rede em todo o mundo.

Entretanto, as subjetividades de cada um chegam perto de serem compreendidas por outrém com a presença. O olhar, o tom de voz, a energia trasmitida pele a pele. Somente informações frias e práticas podem ser trasferidas sem perdas de e para qualquer lugar do mundo.
Como conseqüência desta carência de toque e comunicação ao vivo, o indivíduo adere a uma solidão coletiva. Todo o mundo conectado a cada segundo, cada um em seu desespero particular.

Em meio a uma grande cidade, principalmente, o sujeito é inserido num contexto de anonimato à massa, o que aumenta o sentimento de solidão. Tudo aglomera-se à supravalorização dos conhecimentos científicos, racionais e práticos, que por sua vez se relacionam intimamente a conveniências institucionais (tais como Estado, empresas, comunidade científica em si, valores capitalistas coletivos, interesses internacionais diplomáticos, etc). Ambos os dominantes morais citados acarretam uma intensidade maior ainda à solidão individual, dado que os interesses protegidos não são de caráter coletivo.

Todos estes fatores de desenvolvimento da solidão, que apresetam uma visão hiperracional, fazem desenrolar, como dito no começo, uma visão cética da realidade: os valores sentimentais e humanos são deixados para trás, o que causa uma descrença na essencialidade da presença do ser humano no processo de desenvolvimento - este, considerando a visão moderna, relacionado puramente ao avanço tecnológico.

O indivíduo, sentindo-se descartado, entra em uma crise existencial e um desespero no que se diz às relações interpessoais, o que gera um desencaixe de identidade. Ele está, de repente, solto pelo meio social, em meio a um cardume: incerteza.

Daí pode-se iniciar um processo de "retrocesso" a visões de décadas passadas, como a de 60, pela busca de uma ideologia de vida, que motive o sujeito a seguir sua vida. Uma busca por algum sentimento nesse mundo de razão, algum misticismo nessa secura ideológica que é a pós-modernidade...

Ao homem

São poucas, porém veementes, as qualidades que fez-se enquadrar o homem ao papel de dominador - interesses sociais privados à parte.

A mulher é, por razões óbvias, a obra prima mais inspiradora já esculpida; mas há alguma coisa nos homens. Algo em suas costas robustas e seus braços devoradores, sua libido insaciável que consome por inteiro, sua agressividade com que nos emprurram contra a parede e fazem de nós suas.
Eles podem não ter seios, curvas dignas de todas as poesias do mundo, ou mesmo a delicadeza e sensibilidade que nós temos. Mas homem é capaz de, com certos movimentos, dominar completamente qualquer mulher. Com uns certos toques, beijos, mordidas e seguradas, não importa seu nível de sensibilidade, inteligência ou interação - essas são coisas que determinarão se continua - no momento do fogo, com "a pegada", ela é sua...

Hermenêutica Livre

Quem foi o primeiro a dizer
Que o amor é entre dois?
O amor é um,
É dois,
É três,
É mil.
Não tem muros nem trancas,
Quiçá abertas, há janelas
Pra pular aonde e o quanto quiser.

Se ele emergiu
É porque quer sair.
Deixe-o brincar, se manifestar
Entrar em cada toca
Pintar, experimentar
Costruir - ir.

Só assim ele floresce
Só assim ele cresce
Criar laços, intimidade
Rir, chorar, gritar, sucumbir
Compartilhar...
Sem pressões ou expectativas
Sem possessões destrutivas.
Impeça o amor de fluir
E ele se afogará...
Em mágoas, desespero
E sociedade.