De repente, durante o banho, aquela pontada a atinge de novo.
Sofia sente-se morta por dentro, rodeada por mentiras de algodão-doce, que pulsam; a fantasia se dá como um sonho acordado - sorrisos degeneram-se na sua frente, e as cores vivas se perdem em névoa. Ela tateia a ilusão, mas o que ela procura não está pintado lá. O que ela precisa está como que uma estrela no céu negro. Ela corre, mas tropeça; agarrada na toalha, grita. Não sabe se por socorro ou para aquela luz distante. O vazio a toma mais uma vez, como que por completo, em desespero. Nua em realidade e em alucinação, ela vasculha seus sonhos internos, em busca de uma centelha de magia. Mas só encontra cinzas. Se sente fortemente arrastada por algo, como se a desenrolasse, fio a fio. Vê seus pedaços roubados juntos em uma bola de lã; e cobre o rosto com sofrimento. Desvia o olhar para o fundo sem cor, e reza para não-sabe-o-quê. As lágrimas escorrem, mas não há nada a fazer.
Acorda, enfim, com a temperatura da água corrente, ainda agarrada em sua toalha. Soluça, e esfrega seus olhos inchados com descrença. Move a torneira, desligando o chuveiro, se seca e envolve a toalha em seu corpo úmido. Em seguida, se senta, com os cotovelos na coxa e as mãos no rosto, e pensa: quando isso vai acabar?
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
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