regina, regina
você penetra por minha garganta com suas garras
arranca minha luz e leva-a consigo
ilumina a melodia exalada no ar perfumado
enquanto recita as partituras
desfiando-me em lágrimas
tanto faz se é tristeza ou alegria,
você me ressussita a cada repeat:
one more time with feeling.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
couraça
(sem inspiração mas com vontade expressiva)
não me satisfaço com mil poemas,
aqui ainda há algo intrincado
a ser sublimado
couraça a ser dissolvida
cachoeiras a desabarem da frágil (e dócil) múmia
lírios a desabrocharem do caos
tal como a minha falta de rimas
meio a chistes e bloqueios!
não me satisfaço com mil poemas,
aqui ainda há algo intrincado
a ser sublimado
couraça a ser dissolvida
cachoeiras a desabarem da frágil (e dócil) múmia
lírios a desabrocharem do caos
tal como a minha falta de rimas
meio a chistes e bloqueios!
boiolice de colégio
boiolice de colégio:
é isso mesmo que deixo desenrolar?
é doce viver a fantasia,
o que antes foi uma piada
e agora é uma nebulosa afetiva
o estremecer, o tambor cadíaco
a res-piração
o apoiar do rosto ao punho
enquanto ele caminha.
bobagem de criança? talvez,
até mesmo pelo cunho da escrita pueril
(ou quem sabe só por falta de inspiração)
mas é uma onda de calor que não quero abrir mão
é uma pitada de vida a mais nas minhas semanas
preenchendo as saudades e as oscilações...
é isso mesmo que deixo desenrolar?
é doce viver a fantasia,
o que antes foi uma piada
e agora é uma nebulosa afetiva
o estremecer, o tambor cadíaco
a res-piração
o apoiar do rosto ao punho
enquanto ele caminha.
bobagem de criança? talvez,
até mesmo pelo cunho da escrita pueril
(ou quem sabe só por falta de inspiração)
mas é uma onda de calor que não quero abrir mão
é uma pitada de vida a mais nas minhas semanas
preenchendo as saudades e as oscilações...
a dama da água - só para loucos
dançando pelas teclas branco-e-preto
e rodopiando por entre sinceros tons agudos
nado e bóio em expectativas:
mergulho
no ambiente favorito de menor gravidade, criam-se vigorosos cachos
que tomam coragem e retomam o ar,
num súbito movimento ascendente em arco
como lua crescente triste
a câmera lenta vê-se os tentáculos
em coreografia com as gotículas de sonho úmido
delicadeza e pujância de mãos dadas
a fim de expressar a cor do fantasiar
discreto e sutil,
o espetáculo que poucos vêem
que poucos conseguem sentir.
e rodopiando por entre sinceros tons agudos
nado e bóio em expectativas:
mergulho
no ambiente favorito de menor gravidade, criam-se vigorosos cachos
que tomam coragem e retomam o ar,
num súbito movimento ascendente em arco
como lua crescente triste
a câmera lenta vê-se os tentáculos
em coreografia com as gotículas de sonho úmido
delicadeza e pujância de mãos dadas
a fim de expressar a cor do fantasiar
discreto e sutil,
o espetáculo que poucos vêem
que poucos conseguem sentir.
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poema,
tempo
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
catarse para um novo amor
uma aurora de um novo amor já nasceu
no berço de uma pulsão desacorrentada.
animus raiou de meu âmago e fluiu em espiral
ascendeu até o céu da boca e deslizou
suavemente enlaçado a meu hálito
pairou e envolveu as mordidas, os arranhões e gemidos
e tudo consumiu-se em chamas
catarse astral.
as almas queimam para transformarem-se
combustam em poeira de estrela
sôfrega energia as lança no infinito universo
como se ainda abraçadas em ávido desejo
e enfim sucumbem ao sideral em esplendoroso fogo de artifício.
neva flocos de poeira cósmica:
em galáxias, asteróides e cometas
e ao sistema solar
uma jornada para o recomeço
para tecer novas constelações
traçar novos labirintos
saborear novas gotas de chuva
fazer novo amor.
no berço de uma pulsão desacorrentada.
animus raiou de meu âmago e fluiu em espiral
ascendeu até o céu da boca e deslizou
suavemente enlaçado a meu hálito
pairou e envolveu as mordidas, os arranhões e gemidos
e tudo consumiu-se em chamas
catarse astral.
as almas queimam para transformarem-se
combustam em poeira de estrela
sôfrega energia as lança no infinito universo
como se ainda abraçadas em ávido desejo
e enfim sucumbem ao sideral em esplendoroso fogo de artifício.
neva flocos de poeira cósmica:
em galáxias, asteróides e cometas
e ao sistema solar
uma jornada para o recomeço
para tecer novas constelações
traçar novos labirintos
saborear novas gotas de chuva
fazer novo amor.
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poema,
pulsão,
união
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
platônico imaginado
aqui no silêncio do meu cubículo
nesse canto escuro onde ninguém me avistará
à minha melodia querida da ilha do norte
abandono-me ao secreto gozo das suas letras
o deleite de descobrir-lhe sem ser descoberta
no negro fundo de seu líquido livro, como o meu
assim como o contraste com o branco e verde-claro
e todas as outras coicidências reunidas
na minha identidade compartilhada imaginária.
foi bom brincar por um tempo
mas a fagulha já me aquece mais do que eu gostaria...
e agora espio pela fechadura do seu mundo
ao invés de cumprir meus deveres sociais!
ah, se eu pudesse ter esta fôrma em biscoito fresco
tecer novas investigações e alinhamentos
ou pelo menos quebrar a solidez do biscoito favorito
em batimentos emocionais tão barulhentos!
nesse canto escuro onde ninguém me avistará
à minha melodia querida da ilha do norte
abandono-me ao secreto gozo das suas letras
o deleite de descobrir-lhe sem ser descoberta
no negro fundo de seu líquido livro, como o meu
assim como o contraste com o branco e verde-claro
e todas as outras coicidências reunidas
na minha identidade compartilhada imaginária.
foi bom brincar por um tempo
mas a fagulha já me aquece mais do que eu gostaria...
e agora espio pela fechadura do seu mundo
ao invés de cumprir meus deveres sociais!
ah, se eu pudesse ter esta fôrma em biscoito fresco
tecer novas investigações e alinhamentos
ou pelo menos quebrar a solidez do biscoito favorito
em batimentos emocionais tão barulhentos!
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poema
faísca de um novo que já é
o que será que há
no caótico desgrinhado daquelas madeixas
no quadro embaraçado e curvado para si
no aspecto encardido da cabeça aos pés
no ar intelectual dos cafés parisienses
no jeito delicado de escrever
que arranca de mim um ronronar peculiar
e um ímpeto desejo de aganchar-me em seus cabelos,
esfregar-me em suas bochechas de meias-barbas,
e desfalcar-lhe um beijo para derretê-lo e fundi-lo em mim.
por que será
que a cada vez que ouço um certo sotaque britânico
e certas notas untadas em melodia celestial
me vem a sublime fantasia em uma bicicleta
e meus olhos não sabem mais parar de segui-lo...
sim,
é projeção do que já é
e do que será.
mas o é diferente, excitante
e enigmático
do perfeito arquétipo cravado em minha paixão...
basta rememorar-me desta racional idéia
que nada passará de uma centelha!
no caótico desgrinhado daquelas madeixas
no quadro embaraçado e curvado para si
no aspecto encardido da cabeça aos pés
no ar intelectual dos cafés parisienses
no jeito delicado de escrever
que arranca de mim um ronronar peculiar
e um ímpeto desejo de aganchar-me em seus cabelos,
esfregar-me em suas bochechas de meias-barbas,
e desfalcar-lhe um beijo para derretê-lo e fundi-lo em mim.
por que será
que a cada vez que ouço um certo sotaque britânico
e certas notas untadas em melodia celestial
me vem a sublime fantasia em uma bicicleta
e meus olhos não sabem mais parar de segui-lo...
sim,
é projeção do que já é
e do que será.
mas o é diferente, excitante
e enigmático
do perfeito arquétipo cravado em minha paixão...
basta rememorar-me desta racional idéia
que nada passará de uma centelha!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
notas sobre (o termo) Aurora
In Bulfinch's Mythology from 1855 by Thomas Bulfinch there is the claim that in Norse mythology:
The Valkyrior are warlike virgins, mounted upon horses and armed with helmets and spears. /.../ When they ride forth on their errand, their armour sheds a strange flickering light, which flashes up over the northern skies, making what men call the "aurora borealis", or "Northern Lights".
The first Old Norse account of norðrljós is found in the Norwegian chronicle Konungs Skuggsjá from AD 1230. The chronicler has heard about this phenomenon from compatriots returning from Greenland, and he gives three possible explanations: that the ocean was surrounded by vast fires, that the sun flares could reach around the world to its night side, or that glaciers could store energy so that they eventually became fluorescent.[31]
In ancient Roman mythology, Aurora is the goddess of the dawn, renewing herself every morning to fly across the sky, announcing the arrival of the sun. The persona of Aurora the goddess has been incorporated in the writings of Shakespeare, Lord Tennyson and Thoreau.
The Valkyrior are warlike virgins, mounted upon horses and armed with helmets and spears. /.../ When they ride forth on their errand, their armour sheds a strange flickering light, which flashes up over the northern skies, making what men call the "aurora borealis", or "Northern Lights".
The first Old Norse account of norðrljós is found in the Norwegian chronicle Konungs Skuggsjá from AD 1230. The chronicler has heard about this phenomenon from compatriots returning from Greenland, and he gives three possible explanations: that the ocean was surrounded by vast fires, that the sun flares could reach around the world to its night side, or that glaciers could store energy so that they eventually became fluorescent.[31]
In ancient Roman mythology, Aurora is the goddess of the dawn, renewing herself every morning to fly across the sky, announcing the arrival of the sun. The persona of Aurora the goddess has been incorporated in the writings of Shakespeare, Lord Tennyson and Thoreau.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Livraria
em: Aurora Borealis ou Luzes do Norte
(a editar)
A umas três estações de metrô jazia o esconderijo paradisíaco da minha alma. Era uma livraria, daquelas que, ao dar o primeiro passo para dentro, respira-se cultura e sutileza. Residia numa espécie de galeria privada, secreta, que abrigava a livraria, um pequeno café e um grande cinema ao lado. Tantas vezes fugia do recinto dos artistas com o único veemente desejo de assentar-me em própria introspecção por horas, e refugiava-me ali. Ao abrir a porta da galeria penetrava paulatinamente em minha alma; ao aproximar-me dos três ambientes, preenchia-me de exaltação e anseio, pois ia de encontro à doce solidão.
Chegando à livraria, o aroma de livros novos sempre me contagiava e sentia que poderia viver naquele recanto por semanas. Lá, o tempo congelava e jamais me ocorria de checar um relógio; tampouco sentada em uma das mesas degustando o mais sublime cappuccino do mundo, cujos primeiros goles levavam minhas papilas gustativas a um delírio tal que era imprescindível a sua lenta apreciação; assim como suaves mas vigorantes inspirações enquanto o provava - elas fizeram-se exigência irrevogável de meu olfato. Fiel obediente de cada implacável demanda de meus sentidos, sentada eu permanecia diante de meu cappuccino por tempo incalculável, encostando levemente o nariz à xícara a cada vez que a levantava, a fim de captar aquela forte fragrância para minhas doces memórias, para logo em seguida saborear o néctar que seria cunhado nas profundas nostalgias que minha mente prega até hoje.
Naqueles momentos, tinha uma pátria; eu pertencia aos livros e suas possibilidades, meus compatriotas eram as pessoas imersas em si, em qualquer seção: filosofia, psicologia, antropologia, ficção, biografias, arte ou até mesmo história, qualquer leitor tão comovido pelas letras impressas em mãos a ponto de sentar-se na mesinha ao centro e deixar-se mergulhar. Minha alma me sussurrava: aqui é o seu lar – dentro de ti. Encontrava-me em mim em qualquer parte da galeria.
(a editar)
A umas três estações de metrô jazia o esconderijo paradisíaco da minha alma. Era uma livraria, daquelas que, ao dar o primeiro passo para dentro, respira-se cultura e sutileza. Residia numa espécie de galeria privada, secreta, que abrigava a livraria, um pequeno café e um grande cinema ao lado. Tantas vezes fugia do recinto dos artistas com o único veemente desejo de assentar-me em própria introspecção por horas, e refugiava-me ali. Ao abrir a porta da galeria penetrava paulatinamente em minha alma; ao aproximar-me dos três ambientes, preenchia-me de exaltação e anseio, pois ia de encontro à doce solidão.
Chegando à livraria, o aroma de livros novos sempre me contagiava e sentia que poderia viver naquele recanto por semanas. Lá, o tempo congelava e jamais me ocorria de checar um relógio; tampouco sentada em uma das mesas degustando o mais sublime cappuccino do mundo, cujos primeiros goles levavam minhas papilas gustativas a um delírio tal que era imprescindível a sua lenta apreciação; assim como suaves mas vigorantes inspirações enquanto o provava - elas fizeram-se exigência irrevogável de meu olfato. Fiel obediente de cada implacável demanda de meus sentidos, sentada eu permanecia diante de meu cappuccino por tempo incalculável, encostando levemente o nariz à xícara a cada vez que a levantava, a fim de captar aquela forte fragrância para minhas doces memórias, para logo em seguida saborear o néctar que seria cunhado nas profundas nostalgias que minha mente prega até hoje.
Naqueles momentos, tinha uma pátria; eu pertencia aos livros e suas possibilidades, meus compatriotas eram as pessoas imersas em si, em qualquer seção: filosofia, psicologia, antropologia, ficção, biografias, arte ou até mesmo história, qualquer leitor tão comovido pelas letras impressas em mãos a ponto de sentar-se na mesinha ao centro e deixar-se mergulhar. Minha alma me sussurrava: aqui é o seu lar – dentro de ti. Encontrava-me em mim em qualquer parte da galeria.
fazer novo amor (em queda livre)
Da atmosfera nebulosa da asfixia vou caindo, lenta e suavemente, de costas, em direção a um ar que evoca lembranças da essência de prado; fecho os olhos e assento-me ao vento floral que acaricia-me com minhas próprias madeixas. Respiro e vivo o momento de paz, e ao abraçá-lo sublima para mim o travesseiro espacial, mais macio e solene que nunca nesta nova vida: pelos ares transicionais aperto-lhe entre meus braços, germinando a chuva rala, pluma a pluma. O gotejar das felpes envolve meu novo ar numa convecção galaxial, assim como meus fios de cabelo formam magníficos caracóis na dança à queda livre.
Vôo como voam sacos plásticos ao vento, agarrada ao travesseiro como a um amante em tempo frio, pouso em qualquer coisa tão macia quanto o toque da sua fronha. Afundo e afundo no que parece a nuvem na qual uma vez já sonhei, já adormeci, já gemi, ao lado daquele tão querido amante, uma vaga lembrança preenche o espaço vazio da minha (agora visivelmente) cama.
Antigas fervilhas agora unem-se sob nova forma, como tanto pregava Zaratustra?
Pouco provável. Pelo menos tentam, mesmo que à sombra do passado.
O novo arranjo de feixes agrada-me, e sou capaz de apaixonar-me ainda mais uma vez, e enovelar uma nova história.
Vôo como voam sacos plásticos ao vento, agarrada ao travesseiro como a um amante em tempo frio, pouso em qualquer coisa tão macia quanto o toque da sua fronha. Afundo e afundo no que parece a nuvem na qual uma vez já sonhei, já adormeci, já gemi, ao lado daquele tão querido amante, uma vaga lembrança preenche o espaço vazio da minha (agora visivelmente) cama.
Antigas fervilhas agora unem-se sob nova forma, como tanto pregava Zaratustra?
Pouco provável. Pelo menos tentam, mesmo que à sombra do passado.
O novo arranjo de feixes agrada-me, e sou capaz de apaixonar-me ainda mais uma vez, e enovelar uma nova história.
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