terça-feira, 4 de janeiro de 2011

eclipse

20-21.12.10


O que eu mais queria era unir-me a toda aquela grandeza, ao universo-penumbra sepulcral enfeitado com estrelas. Os astros eram as jóias que cintilavam a madrugada, a reluzência da névoa que costurava o horizonte. O mar e o céu refletiam-se em duas realidades mútuas, cujo rasgo libertaria o buraco negro que, narcísicamente, toda a Terra sugaria para si. Almadiçoado e sagrado, o laço entre esses universos exprimia, para mim, o casamento entre a alma e o corpo, Deus e humanidade... o amor dos pólos se fez no horizonte. Ele é a esperança da consumação entre todas as coisas, repelidas pela indiferença.
O tempo não existe no horizonte. A união desmancha a dimensão dos segundos do existir e o transforma no viver. O enovelar das grandezas me rouba lágrimas, e choro rezando pela fantasia da completude. Pelas costas, a expressão pura da falta, a lacuna se apoderando da Lua: o negro a devora, anunciando novas Eras. O paradoxo me seduz, e me arrasta pelas suas correntezas... regadas pela esperança, pelo risco, pela vulnerabilidade.

Eu amo o cheiro de vida pela manhã.

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