a cítara transcende por meus olhos fechados
pulsa cores e traça O Louco
à beira do precipício com a flor na mão
e a troncha nas costas
ele é livre, errante
pisa e devora suas raízes.
ó, nobre desrazão
abraço-lhe ao tomares o meu ser
enquanto respiro o úmido ar da mata
frio que acaricia minhas feições
e traz o aroma verde da montanha.
eu, então, me redesenho em Ártemis
senhora da noite e da floresta
que, sentada na lua,
ao admirar meu reino,
precipito-me de cabeça à imensidão
com um calor no peito e uma flor na mão
tal como O Louco na iminência do feito.
sinto então o cosmos,
sou as estrelas, a lua, o mundo
pois tudo é potência
tudo é movimento
proveniente do sopro primordial
que capta todo o sideral.
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