domingo, 6 de fevereiro de 2011

bolero de ravel

absorvendo os solenes acordes,
e reabsorvendo a pretérita emoção
a imaculada esperança
se deteriora a cada grito.
perco a fé nos sentimentos alheios
e fecho as mãos
perante a idéia de que não se quer
fazer novo amor
sem desejo,
sem cortejo
percevejo vejo.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

germinal

um verde lençol lançou-se dos afáveis olhos
enrolando-me como forte abrigo contra a chuva
e por de dentro, um cálido ar
que abraçava e sussurrava:
não precisa ser tão solitário
coroando as estrelas com apreciação
de estar ali, agora
meio a um gesto de afago ao fogo
que sorri perante uma semente que abre os braços
obelisco dos novos ventos
germinal de possibilidades...
agora possíveis.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

deságüe

frente a uma certeza, tremo.
certeza esta já remota, pretérita
mas certeza ainda assim.
o meu doar corrente mais uma vez tropeça a mim
quebra-me um dente, esparrama alecrim
enfeita-me com melancia cortada
assim como meus pulsos em sonhos.
pesadelo?
não.
apenas um luto pelo qual aclamava
nas profundezas da agonia
um ar, um pontapé
e pitada de fé.